Cerca de 50 passageiros estavam no avião. Este é o segundo voo com deportados que chega ao aeroporto nesta semana.
Mais um voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos pousou nesta sexta-feira (6) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana.
De acordo com a assessoria do terminal, este é sétimo voo fretado pelo governo norte-americano com brasileiros deportados dos EUA a chegar em Confins desde o ano passado.
De acordo com a assessoria de imprensa do terminal, que cerca de 55 deportados estavam no avião.
‘Toda hora um desmaia no chão lá com fome’
Na chegada, um deles, que não quis se identificar, disse que muitos passaram fome durante a prisão.
“Tem muitos brasileiros sofrendo lá, passando fome, humilhação. Toda hora um desmaia no chão lá com fome. A comida lá é um burrito. A comida do brasileiro lá é isso daqui, ó (mostrando o burrito que conseguiu trazer). É de manhã e na hora do almoço. E, à tarde, é um lanche”, contou ele.
Brasil não aceitava voos fretados com deportados desde 2006
A decisão de não aceitar mais o fretamento de aviões veio em 2006 quando, depois de uma CPI que investigou as deportações de brasileiros, o Itamaraty alterou a política de trato de brasileiros no exterior, incluindo aqueles acusados de imigração ilegal.
Um diplomata ouvido pela Reuters explica que a decisão de não aceitar mais as deportações em massa veio da necessidade de analisar caso a caso e dar aos brasileiros que vivem nos Estados Unidos, mesmo ilegalmente, a possibilidade de reverter a decisão de deportação – o que muitas vezes acontece quando o cidadão tem filhos norte-americanos, uma estrutura familiar montada e às vezes até negócios.
O governo do presidente Jair Bolsonaro tem facilitado a deportação de cidadãos que vivem irregularmente nos EUA. A medida facilita a deportação, em concordância com pedidos do governo Trump. Como mostrou a Reuters em agosto, o governo emitiu um parecer autorizando a volta de brasileiros no país apenas com um atestado de nacionalidade.
Isso porque a lei brasileira proíbe a emissão de passaportes à revelia do cidadão, o que impedia o governo norte-americano de embarcar os deportados sem que eles se dispusessem a pedir um passaporte. No governo Temer, sob pressão dos EUA, foi feito um acordo para que os consulados emitissem o certificado em alguns casos, mas algumas empresas aéreas se recusavam a aceitar o documento até o parecer do governo brasileiro.