Um levantamento realizado pelo MapBiomas junto a imagens de satélite geradas entre 1985 e 2022 e divulgado nesta quarta-feira (26/4) aponta que o Brasil queimou nos últimos 37 anos um total de 185,7 milhões de hectares de seus seis principais biomas, uma área equivalente à soma dos territórios de Chile e Colômbia juntos.
Por ano, a média de áreas atingidas por fogo foi de 16 milhões de hectares – o equivalente a um Suriname. O estudo não contabiliza o número de focos de calor, mas sim a extensão consumida pelas chamas por região e período. Assim, além dos estados e municípios de maior incidência, o mapeamento também mostra os períodos do ano de maior incidência.
Ele mostra, por exemplo, que Cerrado e Amazônia concentraram cerca de 86% da área queimada do Brasil entre 1985 e 2022 e, embora 79% da área total queimada no Brasil tenha ocorrido entre julho e outubro, no Cerrado as ocorrências se concentram principalmente entre julho e outubro, com 89,5% dos casos.
De acordo com Ane Alencar, Coordenadora do Mapbiomas Fogo e Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), os dados permitem entender o efeito do clima e da ação humana sobre as queimadas e incêndios florestais.
“Percebemos claramente que em anos de El Niño temos mais ocorrência de incêndios, como nos últimos El Niños (2015 – 2016 e 2019), se comparados aos anos de La Niña, quando chove mais na Amazônia (2018 e 2021). A exceção a essa regra foi 2022, quando mesmo sendo um ano de La Niña, a Amazônia queimou bastante”, pontua Ane.
Do total de 80,95 milhões de hectares queimados na Amazônia no período, 48% foi exposto ao fogo entre duas a quatro vezes, o que sinalizaria que as queimadas no bioma são recorrentes. O índice é superior aos 36% de recorrência observados no Cerrado e aos 43% registrados no Pantanal, biomas onde o uso do fogo é parte das recomendações de manejo preventivo a queimadas.