GEORGETOWN – Na próxima quinta-feira (14), os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Irfaan Ali, se encontrarão em São Vicente e Granadinas, no Caribe, para discutir a longa disputa sobre a região de Essequibo. A Venezuela alega que Essequibo é sua, tendo aprovado a anexação em um referendo no último domingo (3). Esta região compreende cerca de 70% do território guianense e é fonte de uma disputa que se arrasta por décadas.
O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, atuará como intermediador no encontro, que também contará com a participação do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, convidado pelo governo guianês para atuar como observador. O governo brasileiro indicou que o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, deve representar Lula, mas a participação do ex-presidente ainda não está confirmada.
A Venezuela afirma ser a legítima proprietária de Essequibo, um trecho de 160 quilômetros quadrados que corta seis dos dez estados guianenses. A realização do referendo reacendeu a disputa e aumentou o temor de um possível conflito armado na fronteira com o Brasil.
As declarações conciliatórias recentes dos líderes, contrastando com a assinatura de decretos por Maduro para incorporar o território guianense como estado venezuelano, indicam uma tentativa de buscar uma solução dialogada para o impasse. Após uma conversa telefônica com Lula, Maduro expressou a necessidade de “sentar e conversar” com a Guiana e a ExxonMobil, empresa petrolífera com interesses na região.
A presença de Lula na reunião é vista como um passo significativo, sugerindo uma mediação internacional para resolver o conflito. A Guiana espera que o Brasil assuma um papel de liderança nesse embate, algo que o presidente guianês mencionou em entrevista à GloboNews na última terça-feira (6).
A sinalização de diálogo ocorre no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram apoio à Guiana, realizando sobrevoos militares sobre a região de Essequibo. Além disso, Maduro planeja uma visita a Moscou nos próximos dias, aumentando as tensões entre Estados Unidos e Rússia no contexto desse conflito regional.
A reunião entre os presidentes Maduro e Ali, com a possível mediação de Lula, representa uma oportunidade crucial para buscar uma solução diplomática para o litígio territorial que perdura há mais de um século na América do Sul. O desfecho desse encontro terá repercussões significativas não apenas para os países envolvidos, mas também para a estabilidade geopolítica da região.