CARACAS – Nicolás Maduro assumiu nesta sexta-feira (10) o terceiro mandato como presidente da Venezuela, em uma cerimônia realizada na Assembleia Nacional, em Caracas. O evento ocorreu em um cenário marcado por intensas controvérsias, com críticas internas e internacionais em relação à legitimidade de sua reeleição e às alegações de violações de direitos humanos durante seu governo.
Maduro, de 61 anos, prestou juramento perante autoridades e convidados, recebendo a faixa presidencial que simboliza seu novo período no poder. “Que este novo mandato presidencial seja um período de paz, de prosperidade, de igualdade e da nova democracia”, declarou ele, destacando-se por um discurso em que prometeu cumprir seu compromisso com o povo venezuelano “pela história e pela vida”. O presidente também reafirmou seu compromisso com a paz e a soberania nacional, dizendo que “há paz na Venezuela” e que seu governo “garantirá a paz e a soberania para sempre”.
Durante sua fala, Maduro também criticou abertamente líderes internacionais, incluindo o presidente da Argentina, Javier Milei, e os ex-presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe Vélez e Iván Duque, chamando-os de “inimigos da Venezuela”. As críticas refletem a crescente polarização que marca a relação do governo venezuelano com países da América Latina e do resto do mundo.
Aposse em meio a um clima de incerteza política
A posse de Maduro ocorre em meio a um clima de instabilidade política e social no país, com a oposição venezuelana e diversas organizações internacionais contestando os resultados das eleições presidenciais de julho de 2024. A eleição foi amplamente criticada por opositores que alegam que ela foi marcada por fraudes e por um clima de repressão contra adversários políticos. Além disso, a Venezuela segue enfrentando uma crise econômica e humanitária, com milhões de venezuelanos deixando o país nos últimos anos em busca de melhores condições de vida.
Relatórios de organizações de direitos humanos apontam que cerca de dois mil opositores e ativistas estão atualmente detidos em prisões políticas, o que gerou condenações internacionais. A repressão a protestos e a oposição tem sido uma constante no governo de Maduro, que também enfrenta acusação de abuso de poder e uso excessivo da força policial para silenciar adversários.
Críticas do Brasil e sanções internacionais
A cerimônia de posse não contou com a presença de autoridades de países como Brasil, cuja embaixadora foi enviada em um sinal claro de insatisfação com a reeleição de Maduro. A atitude do governo brasileiro reflete a posição crítica adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao governo venezuelano, que tem sido alvo de sanções econômicas e diplomáticas de diversas nações, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e o Canadá.
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram novas sanções contra oito autoridades venezuelanas, incluindo o chefe da estatal PDVSA, Hector Obregon, e o ministro dos Transportes, Ramon Velasquez. Além disso, a recompensa por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro foi aumentada para US$ 25 milhões. As sanções fazem parte de uma estratégia mais ampla para pressionar o governo de Caracas, acusando-o de envolvimento em corrupção e em violações sistemáticas de direitos humanos.
O Reino Unido também impôs medidas contra 15 membros do governo venezuelano, enquanto o Canadá sancionou 14 autoridades, alegando envolvimento em atividades que violam direitos humanos e minam a democracia no país. A União Europeia, por sua vez, anunciou novas sanções contra 15 integrantes do Conselho Eleitoral Nacional, do Judiciário e das forças de segurança da Venezuela.
A resposta de Maduro e o futuro da Venezuela
Apesar das críticas e sanções internacionais, Maduro permanece firme em seu discurso de defesa da soberania da Venezuela, insistindo que seu governo garante a estabilidade interna e a independência do país diante das pressões externas. “Somos guerreiros da história, e garantiremos a paz e a soberania nacional para sempre”, afirmou durante sua posse.
Enquanto isso, a oposição e as organizações de direitos humanos continuam a denunciar abusos e o enfraquecimento das instituições democráticas, e o cenário político da Venezuela segue em constante tensão. Com um novo mandato pela frente, Maduro terá que lidar com desafios internos e internacionais que prometem moldar o futuro político e econômico do país.