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quarta-feira, 8 janeiro, 2025

Milhares prestam homenagens a Desi Bouterse em procissão fúnebre em Paramaribo

Decisão do governo de não realizar um funeral de Estado foi acompanhada de gestos simbólicos de respeito

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PARAMARIBO – Milhares de pessoas se reuniram nas ruas da capital do Suriname no último sábado para a procissão fúnebre de Desi Bouterse, ex-presidente do país, que faleceu aos 79 anos no mês passado. Apesar de ter sido condenado em 2023 a 20 anos de prisão por envolvimento no assassinato de opositores políticos, Bouterse continuou a ser uma figura popular, especialmente entre os mais pobres e trabalhadores, que o viam como um líder transformador.

O corpo de Bouterse, que morreu no final de dezembro de 2024 devido a insuficiência hepática enquanto estava foragido da justiça, foi transportado em um carro fúnebre através de Paramaribo, onde milhares de seus apoiadores o seguiram em uma procissão silenciosa. O cortejo passou por locais simbólicos para o ex-presidente, incluindo sua residência e a sede de seu Partido Nacional Democrata (NDP), onde ocorreu um serviço memorial.

Embora o governo atual, sob a liderança do presidente Chan Santokhi, tenha optado por não conceder um funeral de Estado a Bouterse devido às suas condenações, o evento foi marcado por uma grande mobilização popular. Carros, ônibus e motocicletas acompanharam o carro fúnebre, enquanto partidários de Bouterse, muitos deles vestidos com uniformes militares, caminhavam em homenagem ao falecido líder.

“Papa Bouta, eu te amo”, gritou Dennis Keyzer, um apoiador fervoroso, emocionado pela perda do que considerava um grande líder. “Queremos o Papa Bouta!”, continuou, enquanto outros também se reuniam para cantar, rezar e celebrar a memória de Bouterse.

A decisão do governo de não realizar um funeral de Estado foi acompanhada de gestos simbólicos de respeito: as bandeiras em edifícios governamentais, incluindo o Palácio Presidencial, foram hasteadas a meio-mastro. Contudo, a ausência de uma cerimônia oficial não diminuiu o fervor dos admiradores de Bouterse, que continuam a lembrar suas políticas de bem-estar social, como as refeições escolares gratuitas, o atendimento médico universal e a implementação do salário mínimo, que foram fundamentais para sua base de apoio popular.

Apesar da controvérsia em torno de sua carreira política e dos crimes pelos quais foi condenado, o legado de Bouterse não se limita apenas ao lado sombrio de sua trajetória, marcado pelo golpe militar de 1980 e a repressão brutal que resultou em mortes de opositores durante seu regime. Ele também é lembrado por sua ascensão como um político eleito, após dois golpes de estado, e por sua governança durante uma década como presidente do Suriname, a partir de 2010.

Jennifer Simons, atual presidente do NDP e uma das principais defensoras de Bouterse, fez um discurso emocionado durante o serviço memorial, onde exaltou a capacidade de Bouterse de se reinventar, dizendo: “Ele começou como militar, mas era um homem capaz de se elevar e se tornar um dos maiores líderes políticos do país.”

Entre os presentes estava Sandra, uma funerária local, que expressou seu carinho pelo ex-presidente e comentou que havia esperado horas para garantir “um bom lugar” na procissão. “Ele foi e será meu presidente para sempre”, afirmou Harvy Lallbiharie, um dos muitos admiradores de Bouterse, enquanto segurava uma fotografia do ex-líder.

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