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Mercosul corre contra o tempo e aumento do preço do petróleo para resolver crise na Venezuela

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Especialista diz que, caso preço do petróleo volte a subir, governo de Maduro irá se fortalecer

A 50ª edição da Cúpula do Mercosul, que está sendo realizada desde quinta-feira (20), em Mendoza, Argentina, tem como um dos principais assuntos a posição do bloco em relação à Venezuela. E, segundo Marília Pimenta, coordenadora do curso de Relações Internacionais da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), em São Paulo, o bloco precisa retomar sua relevância e correr contra o tempo aproveitando ainda o fato de o preço do barril do petróleo estar em leve baixa.

Neste momento, o barril do tipo Brent está valendo 49,02 dólares, mas projeções apontam para uma alta para algo em torno de 60 dólares até o início de 2018, o que daria mais fôlego para o governo de Nicolás Maduro. Cerca de 90% das exportações da Venezuela e metade da receita do governo vêm do petróleo.

— Caso os preços voltem a subir, o governo Maduro voltará a se fortalecer e a ter poder de compra. A pressão econômica tem de ser feita agora.

Nesta cúpula, o Brasil assume a presidência rotativa do bloco e o presidente Michel Temer já adiantou que uma das prioridades agora será “o monitoramento atento da situação na Venezuela”. Segundo a especialista, se fosse em outros tempos, líderes com maior prestígio na América do Sul poderiam ajudar o país a chegar a uma conciliação.

— Os países da região estão muito tímidos, grupos de observadores internacionais com ex-presidentes Vicente Fox (México) e Andrés Pastrana (Colômbia) foram considerados personas non gratas pelo Maduro. Pensam no nome do Temer e do Maurício Macri para irem ao país e compor um grupo de observadores internacionais, mas estamos longe de sermos como em 2000, quando havia lideranças fortes na região, há um vácuo de poder neste momento.

A professora considera que as pressões têm de continuar, mas ressalta que o radicalismo também tem sido uma característica da oposição ao governo, o que dificulta um consenso. A crise no país do presidente Nicolás Maduro não chega ao fim e a cada dia tem novos desdobramentos.

O objetivo da oposição agora é tentar barrar a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente. O receio é de que seja redigida uma nova Constituição que altere a data das eleições presidenciais, previstas para o fim de 2018. Um posicionamento mais rígido do Mercosul poderia deixar o país ainda mais acuado politicamente, segundo ela.

Mas, na opinião da especialista, faltam também maiores sanções econômicas ao país. Afinal, ela aponta que, em meio à recessão, muitos países não resistem em exportar para a Venezuela, que, apesar de estar sem recursos, ainda teria condições de pagar por produtos básicos.

— A pressão tem de ser mais enfática na parte econômica, a política já tem acontecido, a pressão enconomia tem de “na base de não vamos mais exportar para a Venezuela”. A Venezuela não é uma Coreia do Norte, que faz discurso radical e ao mesmo tempo recebe doação. O governo de Maduro ficaria muito mais enfraquecido.

Para o coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec no Rio de Janeiro, José Niemeyer, uma solução poderia passar pela expulsão do país do bloco. Neste momento a Venezuela está suspensa do Mercosul.

— Com certeza, com uma expulsão, o país ficaria mais na berlinda, qualquer iniciativa que deixe mais à margem de muitas agendas, como a de comércio, faz com que a situação interna no pais fique mais difícil, o fator econômico para qualquer país é fundamental e uma das maiores preocupações da Venezuela agora é o abastecimento interno.

Oposição venezuelana espera parar o país em greve contra Maduro

Niemeyer ressalta que tal situação poderia levar a uma derrocada do governo, antes mesmo de prejudicar ainda mais a já carente população. Porque, de outra maneira, assim como em relação ao petróleo, ele acredita que Maduro poderá obter outras formas de se manter no poder, inclusive com a divisão dos opositores.

— Não é só a oposição se colocando contra Maduro, há divisões, com grupos de várias vertentes, até dos que apoiavam Hugo Chávez. Neste cenário, Maduro está meio que incentivando isso, uma união menos intensa da oposição para que, no momento em que ele sair, ele permaneça ligado a grupos menos radicais nas críticas e assim manter algumas pontes com o poder.

Fonte: Exame

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