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Maior vexame da história do futebol brasileiro coloca Alemanha na decisão

Atualizado há

Foram 64 anos de espera. Durante cinco jogos, a seleção brasileira fez seu papel – com futebol bonito ou não, alcançou as semifinais. Perdeu seu craque nas quartas de final, Neymar. E entrou com a camisa dele em campo, como se mostrasse que jogaria pelo atacante, que a usaria como motivação. Mas o Brasil conseguiu permanecer no gramado do Mineirão, nesta terça-feira (8), por exatos 9 minutos sem levar um gol. A partir daquele instante, se iniciou o maior vexame da história do futebol brasileiro. A pior derrota do selecionado nos seus 100 anos de história. Em casa, na Copa que tinha como objetivo claro o término da maldição de 1950, a equipe foi humilhada pela Alemanha: 7 a 1. Gol brasileiro só de Oscar, bem no final do jogo, como consolação.

Quem diria que aquele vice mundial sofrido após gols de Schiaffino e Ghiggia para o Uruguai, em 1950, seguirá como o melhor resultado da seleção brasileira em Copas disputadas em casa. No próximo sábado, no clima mais melancólico possível, o Brasil entrará em campo em Brasília para a disputa do 3° lugar. Aos alemães, a final. Da forma mais merecida possível. Incontestável. Humilhante para os donos da casa.

Fases do jogo: A seleção jogou por nove minutos. Foi o tempo que a Alemanha demorou para descobrir que não teria adversário na semifinal da Copa do Mundo. Quando Thomas Müller, livre dentro da área em escanteio, tocou para o gol, ficou claro que a seleção brasileira não seria capaz de parar ninguém que conseguisse entrar em sua área. Foi simbólico: o principal artilheiro do rival livre, sozinho, no local mais perigoso de um campo. Treze minutos depois, quando Klose pegou rebote de seu próprio chute, e nenhum defensor brasileiro esboçou reação, começava a maior goleada sofrida pelo Brasil na história, e os seis minutos mais desesperadores do futebol brasileiro em todos os tempos.

Daquele gol de Klose ao de Khedira, aos 29 minutos, por quatro vezes a Alemanha conseguiu entrar na área brasileira e tocar para o gol de Júlio César sem dificuldade alguma. Toni Kroos fez os outros dois, para pela primeira vez em Copas o Brasil levar cinco gols no primeiro tempo de um jogo.
Deste ponto até o intervalo, era como se o jogo já tivesse acabado. A Alemanha voltou a tocar a bola em velocidade, como havia feito nos cinco jogos anteriores da Copa, e o Brasil não sabia o que fazer. Como parar aquele time que entrava para a história? Não com a apatia de Oscar e Fred, novamente com atuações péssimas. Não com Bernard, que substituiu muito mal a Neymar. Não com a defesa, completamente perdida sem seu capitão Thiago Silva – não que sua presença fosse mudar algo.
No segundo tempo, mais dois, como se brincasse, com Schürrle. Sem dificuldades, a Alemanha desperdiçou chances como se não quisesse marcar. Aos 45 minutos, Oscar fez o que chama de “gol de honra”. Talvez a única palavra que não possa ser usada para descrever o que o Brasil teve nesta terça.
O melhor: Joachim Löw – O técnico alemão colocou seu time de forma muito mais ofensiva do que vinha jogando até então – mesmo após ser bastante elogiado pelo estilo de jogo. Com Klose no ataque, não esmoreceu nem quando abriu 3 a 0. Mais do que isso: anotou quatro gols em seis minutos, entre os 22 min.  e os 29 min. do 1°t. As trocas que fez foram já pensando na decisão contra Argentina ou Holanda, no próximo domingo. Depois do quinto gol, fez sua seleção voltar ao estilo anterior: tocou a bola tranquilamente, só esperando qo Brasil possibilitar novas brechas para lances perigosos. E eles aconteceram. Se alguém foi o principal responsável pela criação do time que fez o Brasil passar por seu pior vexame da história, esse é o técnico que levou ao auge um time que é trabalhado há oito anos, desde o 3° lugar na Copa de 2006, em casa.

O pior: Luiz Felipe Scolari – O técnico da seleção brasileira teve três dias de treino para descobrir quem substituiria Neymar no ataque da seleção e como o jogador escolhido repetiria ou mudaria o estilo de jogo da seleção. Muito se falou sobre a entrada de Willian, no meio: não ocorreu; foi treinada a escalação com três volantes, com Paulinho, Fernandinho e Luiz Gustavo: também não – e talvez fosse a melhor opção, como as falhas da defesa mostraram. O escolhido foi Bernard, que entrou na mesma função que Neymar. E nada produziu. Quando o Brasil tomou o segundo gol, o técnico optou por não alterar o time. Só foi fazer isso aos 23 minutos do 2° tempo, quando o sexto gol alemão acabara de sair. Ficou preso em uma tática que a Alemanha mostrou saber perfeitamente como destruir.

Chave do jogo: A vontade alemã, que jamais pareceu passar. Se dizem que o maior respeito que um time pode mostrar é continuar atacando em vez de brincar com a bola, humilhando seu adversário sem ser com gols, a Alemanha levou essa ideia a outro nível. Se do outro lado havia um time que nada fazia, por que não atacar e marcar o máximo possível? Foi o que a Alemanha fez, para entrar na história das Copas e do futebol.

Toque dos técnicos: O Brasil não alterou seu estilo de jogo mesmo após levar cinco gols no primeiro tempo. Entre o primeiro e o segundo foram 13 minutos – normal nada ser feito durante um placar adverso que parecia simples. Porém, entre o segundo e o quinto, foram quatro gols. Em nenhum momento Luiz Felipe Scolari parou o jogo com uma substituição. Mesmo que não mudasse o caminho que a partida já mostrava, poderia ter diminuído o ímpeto alemão. Não houve esse toque do técnico, que acabou terminando na maior goleada sofrida pelo Brasil na história.

Para lembrar:

A maior oleada sofrida pelo Brasil em qualquer jogo era, até esta terça, um 6 a 0 sofrido para o Uruguai na Copa América de 1920, disputado no Chile. A última derrota em casa do Brasil em jogo oficial havia sido também no Mineirão, em 1975, para o Peru: 3 a 1 na Copa América.

Em Copas, a maior goleada ainda é a da Hungria sobre El Salvador, em 1982: 10 a 1.Em semifinais, era 6 a 1, feitos por Uruguai (sobre a Iugoslávia, em 1930), Argentina (sobre os EUA, em 1930), e Alemanha (sobre a Áustria, em 1954).

Torcedores brasileiros que pagaram até R$ 1.320 (preço do melhor setor do estádio) para acompanhar a semifinal entre Brasil e Alemanha começaram a deixar o Mineirão logo após o 3° gol alemão, feito por Toni Kroos, aos 24 minutos de jogo – quem deixou o estádio exatamente nesse minuto pagou R$ 55 para cada minuto visto.

A última seleção a anotar cinco gols em uma semifinal de Copa havia sido o Brasil, em 1958, no triunfo por 5 a 2 sobre a França, um jogo antes daquele que deu o primeiro título mundial à seleção.

Não aconteceu, mas se o Brasil tivesse conseguido o milagre, teria alcançado a maior vitória da história das Copas. A marca pertence a Portugal, que ganhou de 5 a 3 da Coreia do Norte em 1966 após sair perdendo por 3 a 0.

BRASIL 1 X 7 ALEMANHA

Data: 8 de julho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Marco Rodriguez (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quinteto (MEX)
Cartões amarelos: Dante, aos 22 min. do 2°t (BRA)
Gols: Müller, aos 9 min., Klose, aos 22 min., Kroos, aos 24 min. e aos 25 min., e Khedira, aos 29 min. do 1°t; Schürrle, aos 23 min. e aos 33 min. do 2°t (ALE). Oscar, aos 45min do 2º tempo

BRASIL: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho e Oscar; Hulk, Bernard e Fred (Willian, aos 23 min. do 2°t)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (mertesacker, no intervalo) e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira , Kroos e Özil; Müller e Klose (Schürrle, aos 12 min. do 2°t)
Técnico: Joachim Löw

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Fonte: Uol

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