De malas prontas para ingressar no mestrado em Portugal, Carolina Jovana, 24 anos, é uma dentre várias moradoras do Distrito Federal que precisaram validar documentos neste ano para estudar no exterior. No segundo semestre de 2021, o número de apostilamentos na capital federal — serviço de autenticação de documentos para fora do país — cresceu 58% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o Colégio Notarial do Brasil (CNB), entidade responsável pela administração do serviço, o DF é a unidade da federação com maior números de apostilamentos em 2021, sendo mais de 257 mil. No mesmo período de 2020, foram 163,3 mil documentos.
Quando observados apenas documentos referentes a solicitações de vistos para estudos ou abertura de processos de dupla cidadania o crescimento atingiu 118% no período citado, um salto de 89,8 mil no ano passado para 196 mil em 2021.
“Vistos para estudos são com diferentes embaixadas de cada país. Teríamos que visitar cada uma para saber se houve algum tipo de aumento. Mas a apresentação de diplomas o Colégio Notarial tem a informação, porque consegue englobar por tipo de pedido de apostila. E percebemos que houve aumento do quantitativo de diplomas apostilados [para a solicitação de visto]”, explica Hércules Benício, presidente da seccional do DF do Colégio Notarial do Brasil.
Sem emprego após concluir o curso superior e com poucas perspectivas trabalhistas, Carolina conta que o tio a convidou, no final de 2020, para continuar a formação acadêmica na Europa. O familiar trabalha para a ONG “International Justice Mission” (IJM) em Meagada, cidade portuguesa de interior, próxima a Coimbra.
Preocupada em resolver toda a documentação para se mudar, a advogada precisou visitar um cartório a fim de utilizar o serviço. “Pra quem está saindo da faculdade agora, não está fácil. A contrapartida salarial não está valendo a pena, é trabalhar para sobrevier. Estou feliz por ter a oportunidade que pouquíssimas pessoas têm, é um curso internacional para colocar no currículo”, pontua.
A escolha da instituição de ensino foi estratégica, conta a estudante. “Na Universidade de Coimbra, a anuidade ficaria 7 mil euros. Procurei um instituto que não ficaria tão caro para o brasileiro. Deu em torno de 1,3 mil euros o custo da anuidade, da matrícula e do processo seletivo todo”, conta a advogada, que embarca dia 19 deste mês para o país europeu.
Brasileiros no exterior
Mais de 4,2 milhões de brasileiros vivem fora do país segundo dados de 2020 do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Os EUA são o destino mais procurado pelos imigrantes, seguido de Portugal e do Paraguai. Outros países vizinhos, como a Argentina e a Guiana Francesa completam o pódio.