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Fifa encara polícia e escândalo de ingressos na reta final da Copa

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Comprar um ingresso para um jogo da Copa se tornou tão complicado que era de se esperar que um esquema de venda paralela fosse um grande golpe para a Fifa.

O esquema desbaratado pela Polícia Civil do Rio nesta semana já teve 11 detidos e tinha expectativa de faturar 200 milhões de reais em 2014, vendendo até 1000 ingressos por partida, com lucros de 200% a 1000% por ingresso. A quadrilha atuou nas quatro últimas Copas e envolvia três agências de turismo em Copacabana. Entre os cem ingressos apreendidos com o bando, dez eram destinados à delegação da seleção brasileira e foram parar nas mãos dos cambistas, que vendiam bilhetes da final por até 35 mil reais. Era essa a dimensão da máfia dos ingressos. E é essa a dimensão do escândalo que a Fifa enfrenta na reta final da Copa do Mundo. A própria investigação do caso tem potencial para se tornar um golpe para os dirigentes do futebol. Uma das hipóteses da polícia é que o grupo criminoso tinha um braço dentro da própria Fifa – informação passada à polícia pelo advogado José Massih, um dos onze presos.

A Fifa tem regras rígidas sobre a venda de ingressos para suas competições, especialmente a Copa do Mundo. Em tese, os ingressos nominais deveriam impedir que alguém revendesse suas entradas – quem desistisse de algum jogo deveria revender o tíquete à própria Fifa, sob pagamento de taxas, e a entidade se encarregava de recolocá-los à venda. Quem tentou comprar esses ingressos que sobraram, nas últimas semanas, teve de passar madrugadas esperando que o site os disponibilizasse e até recorrer a programas de computador de origem duvidosa para tentar furar a fila gigantesca de compradores.

Mas as restrições para o torcedor comum somem totalmente para quem tem muito dinheiro e acesso a influentes empresários do futebol. As investigações e as declarações da polícia civil e do Ministério Público apontam causariam estranheza, não fosse a Fifa uma das organizações mais enroladas do mundo. O promotor Marcos Kac disse à BBCque o envolvimento de dirigentes da Fifa na máfia dos ingressos é quase certo. O líder da organização criminosa, acreditam os investigadores, obtinha os ingressos diretamente de um funcionário da Fifa hospedado no Copacaban Palace. Confirmada essa hipótese de investigação, isso jogaria a principal vítima do cambismo para o olho do furacão que carregou a máfia. O delegado Tarcísio Jansen disse que, como a quadrilha já atua há quatro mundiais,é possível que a Fifa não só soubesse como facilitasse o esquema do grupo.

O advogado Massih é o braço direito no Brasil da personagem que surge, até agora, como o Don Corleone numa versão boleira da máfia dos ingressos. O argelino Mohamadou Lamine Fofana, antes de ser preso pela operação Jules Rimet da Polícia Civil, tinha um adesivo no carro que liberava seu acesso a qualquer evento da Fifa e entrava quando bem entendesse no Copacabana Palace, o hotel de luxo de frente para o mar onde estão hospedados os donos do futebol mundial.

Ele tem no currículo a promoção de um jogo em 2011 com craques da seleção brasileira tetracampeã para promover o presidente da Chechênia. No site de sua agência, tem fotos com Pelé, Ronaldo, Romário, Cafu, Dunga e com o próprio mandachuva do futebol Joseph Blatter. A empresa diz ser especialista em promoção de eventos, gerenciamento de carreira de jogadores e consultoria sobre direitos de transmissão. Como jogador, Lamine foi coadjuvante: ele mesmo só cita uma passagem pela segunda divisão do campeonato francês e outra pela liga canadense.

O contato com Lamine pode render dor de cabeça aos amigos famosos. Um deles é o ex-capitão do tetra e ex-técnico da seleção Dunga – jogador que o argelino levou para a Checênia em 2011 e que almoçou nas últimas semanas com ele no Rio. Dunga negou que soubesse qualquer coisa sobre a máfia. Outro famoso é o irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, Roberto Assis – o ex-jogador foi pego conversando por telefone com Lamine para tentar comprar ingressos. O empresário e cambista internacional está hospedado, ainda, num apartamento de luxo na Barra que pertence a outra ex-jogador da seleção, Junior Baiano – que também nega ligação com Fofana, mas também estava no jogo da Chechênia. Ele tem foto estampada no site da empresa de Lamine, ao lado do próprio argelino e de Junior, ex-craque do Flamengo e da seleção. Até Neymar já soltou nota oficial em seu site explicando que não tem nenhuma ligação com Lamine.

Também deve ser investigada a empresa responsável pela venda de ingressos da Fifa, a Match. A Fifa, em nota de seu diretor de marketing, Thierry Weil disse que, nesta sexta-feira os ingressos serão analisados, para verificar sua autenticidade. Fora isso, a entidade ainda não deu nenhuma explicação. A CBF, de cuja delegação saíram alguns dos ingressos apreendidos, também já disse que não investigará quem repassou os bilhetes aos cambistas.

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Fonte: Uol

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