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Entenda por que todos nós sofremos de diabetes durante seis horas por dia

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Quando nos alimentamos, a absorção dos nutrientes pelo sistema digestivo provoca um pico sanguíneo, tanto dos níveis de glicose quanto das gorduras. Assim, mesmo pessoas normais podem, por até duas horas após cada refeição, apresentar concentrações de glicose no sangue tão elevadas quanto às comumente encontradas em portadores de diabetes. Por esse motivo, a menos que a elevação seja muito exagerada, para diagnosticar diabetes com base nos níveis de açúcar no sangue é preciso observar um período de pelo menos seis horas de jejum.

Ocorre que aumentos nos níveis de glicose, mesmo que modestos, são tóxicos para as paredes arteriais, favorecendo o aparecimento da arteriosclerose.
É razoável pensar que, sendo a alimentação indispensável, a natureza tenha desenvolvido mecanismos de proteção. Dois estudos internacionais publicados recentemente no prestigiado New England Journal of Medicine, dos quais fui coautor, contribuíram para identificar claramente ao menos um desses mecanismos.

Trata-se de um hormônio produzido em resposta à alimentação, por células especiais da parede intestinal chamado GLP-1. Esse hormônio tem ações anti-inflamatórias, retarda o esvaziamento gástrico, limitando a velocidade da absorção dos nutrientes, e induz saciedade limitando o tamanho da refeição. Além disso, estimula a secreção de insulina enquanto a glicose estiver elevada. Todos esses efeitos convergem para uma diminuição do pico de glicose no sangue, ao passo que o efeito anti-inflamatório reduz o dano causado na parede arterial.

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A identificação de um hormônio que baixa o açúcar no sangue e também inibe o apetite, tornou o GLP-1 um candidato óbvio para o tratamento do diabetes.
Ocorre que o GLP-1 é rapidamente metabolizado pelo organismo (cerca de 2 minutos), o que torna inviável seu uso como medicamento. Cientistas de várias indústrias farmacêuticas correram a tentar produzir versões sintéticas do GLP-1 que, tendo duração mais longa, pudessem ser usados como terapia.

Os medicamentos
Hoje estão disponíveis várias versões sintéticas do GLP-1, conhecidas em conjunto como análogos do GLP-1 e que são comumente usados como medicamentos muito eficazes para o tratamento do diabetes. Porém, até recentemente, não havia demonstração prática do seu efeito protetor sobre o sistema cardiovascular.

Em junho deste ano, durante o congresso anual da Sociedade Americana de Diabetes, foram apresentados os resultados do estudo LEADER realizado com a liraglutida, um análogo de GLP-1. Nesse estudo, a liraglutida utilizada para tratar pacientes com diabetes do tipo 2 com alto risco cardiovascular foi capaz de reduzir um desfecho composto de morte cardiovascular ou infarto do miocárdio não fatal ou acidente vascular cerebral não fatal (MACE) em 13%.
A liraglutida é utilizada na forma de injeções subcutâneas que devem ser aplicadas uma vez ao dia, e, recentemente, surgiram análogos do GLP-1 que podem ser utilizados por meio de injeções semanais.

A semaglutida é um desses análogos e foi avaliada numa população semelhante ao [[ à]] do estudo LEADER. Esse estudo, denominado SUSTAIN 6, foi apresentado no Congresso Europeu de Diabetes no dia 13 de setembro, tendo revelado uma diminuição de MACE ainda maior, de 26%.
Estes estudos demonstram que os efeitos dos análogos sintéticos do GLP-1 não se limitam ao controle dos níveis de açúcar no sangue, mas se expandem na direção de diminuir o risco cardiovascular, que é a causa principal de letalidade na população portadora de diabetes do tipo 2.

A liraglutida está disponível no Brasil há vários anos, mas a semaglutida ainda não foi aprovada. O único análogo do GLP-1 para uso semanal disponível no país atualmente é a dulaglutida.

Fonte: Veja

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