Brasil responde sozinho por 40% do PIB da região; recessão abala principalmente os negócios com os principais parceiros comerciais do país: Argentina, Paraguai e Bolívia.
O aprofundamento da crise econômica do Brasil já começa a ultrapassar as fronteiras e abalar a economia dos países vizinhos. De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a região deve crescer apenas 0,5% neste ano. Se confirmado, este será o pior resultado desde a crise global de 2009, segundado reportagem do jornal O Globo publicada nesta segunda-feira. E o Brasil responde sozinho por 40% do PIB da América Latina.
Ainda segundo a Cepal, os países mais vulneráveis à crise brasileira são os seus maiores parceiros comerciais, a começar pela Argentina, que exporta 20,8% de tudo o que vende para o exterior ao país. Em seguida, vem o Paraguai, com 30,8% do total. E a Bolívia, com 29,7%.
“A Argentina é a mais afetada, porque o Brasil aumentou seu saldo comercial com esse país no primeiro semestre e porque nossa integração intra-industrial (intercâmbio de produto numa mesma indústria) é maior lá. As exportações da Bolívia para o Brasil caíram em valor, devido à queda do preço do gás no mercado internacional, mas em quantidade houve aumento de exportações de gás boliviano ao Brasil”, disse Antonio Prado, secretário executivo adjunto da Cepal ao jornal.
‘Farinha do mesmo saco’ – Os países que não mantêm relações comerciais com o país também podem ser contaminados pela recessão brasileira por ela incidir sobre o nível de confiança dos investidores. No início de setembro, o ministro da Economia do Peru, Alonso Guerra, afirmou ao Congresso peruano que a crise brasileira é um fator de risco para o país. “Há novos riscos que se somam a este horizonte de fontes externas, um deles é o desempenho da maior economia da região, que é nosso vizinho Brasil, que está em uma recessão que está se acentuando. Isso tem um impacto direto no Peru através de suas relações econômicas, mas também pelo efeito de incerteza que pode gerar na região”, disse Guerra.
Os economistas ainda ressaltam que há sempre o temor de os investidores avaliarem todos os países como “farinha do mesmo saco” na hora de decidir onde aplicar o seu dinheiro. “O que vai determinar é se a percepção de risco é maior e a avaliação se a região está indo ou não para o caminho certo”, afirmou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, da AZ FuturaInvest. “É mais uma questão sobre como fica a imagem da América Latina. Na década de 1990, quando teve a crise no México, esses fundos agiram olhando mercados regionais. Não sei até que ponto hoje eles distinguem ou colocam todo mundo no mesmo saco”, complementou a economista Lia Valls, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Deixe seu comentário abaixo.
Fonte: Veja