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Copa do Mundo 2018: conheça histórias de brasileiros que vão para a Rússia

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Há quem viva ‘ciclos de Copa e Olimpíada’, músicos que vão levar o samba para a terra de Maiakovski, e turistas mais interessados nas trocas culturais do que em jogos.

ma viagem de mais de dez mil quilômetros para um país com uma fama não muito amistosa e uma língua que não se costuma aprender em escolas de idiomas por aí.

Os brasileiros não se intimidaram com os desafios para acompanhar a seleção na Copa do Mundo 2018 na Rússia: somos o 3º país que mais comprou ingressos para o torneio. Mas os aviões que saíram do Brasil com turistas rumo à Rússia não vão levar apenas torcedores: há também os que não se importam com o futebol e estão interessados em conhecer pessoas de vários países e aproveitar a festa.

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O G1 ouviu algumas histórias de brasileiros que vão à Copa. Eles contam o que têm feito para acompanhar os jogos da seleção – ou, ao menos, estar por perto aumentando a torcida.

Tem gente que quer carro, ele quer Copa

O bancário Anderson Rodrigues, de 33 anos, diz que tem um “vício”: o futebol. “As pessoas no Brasil têm sonho de ter carro, casa própria, algum bem material. Tem gente que faz financiamento para ter essas coisas, eu faço para [ir à] Copa.”

Assim que começou a trabalhar e guardar algum dinheiro, Anderson economiza para viajar atrás do time do coração – ele torce para o Palmeiras, mas mora em Brasília – e a ir às Copas do Mundo e Olimpíadas. Em 2010, ele esteve na África do Sul. “Conheci uma galera que viaja para a Copa e eles são fanáticos”, conta. “Tenho vários amigos que vivem em ciclos de Copa e Olimpíada. Fui ‘picado’ por essa doença e estou me estruturando para viver assim.”

Depois da Copa da África (2010), ele esteve na Olimpíada de Londres (2012), na Copa do Mundo no Brasil (2014), nas Olimpíadas do Rio (2016), e, agora, vai para a Copa do Mundo na Rússia.

No caminho, Anderson conta que vai passar pelo Catar para conhecer o país, cidade-sede da próxima Copa do Mundo, em 2022. Ele criou o projeto ‘Viagem Futebol Clube’ onde dá dicas no Instagram para pessoas que, como ele, gostam de viajar para ver os jogos.

A maior expectativa é ver a disputa das oitavas de final no dia 2 de julho, em Samara. “Eu acredito que o Brasil estará lá [nas oitavas]. É um jogo muito especial porque será no dia do meu aniversário, exatamente oito anos depois que eu assisti no estádio Brasil x Holanda, na África do Sul. Mas, nós perdemos. Meus amigos me chamam de Mick Jagger brasileiro. Espero acabar com isso”, brinca.

Sonho de menino

Lucas Araújo, de 30 anos, e Diego Araújo, de 29, esperaram pouco mais de duas décadas para ver um sonho de criança se realizar. Desde os 6 anos, eles colecionam álbum de figurinhas da Copa. “Naquela época sonhávamos em assistir a um jogo do Brasil de perto, ver aquelas figuras se tornarem de carne e osso. Agora, vamos juntos”, fala Lucas.

Quando a Copa foi no Brasil, Lucas disse que não viu nenhum jogo porque estava trabalhando bastante. “Priorizava sempre o trabalho ao lazer. Desta vez, me deu um clique”, diz.

O ‘clique’ veio quando Miguel, de 6 anos, filho de Diego, ganhou o álbum de figurinhas da Copa deste ano. “Bateu uma saudade muito forte e nos lembramos da mesma alegria e do sonho de criança de ver aqueles jogadores dos álbuns de verdade. A imaginação foi longe ao recordar um desejo que hoje poderíamos realizar.

Lucas trocou plantões e remarcou consultas, em São Paulo. “Procuramos montar nosso itinerário por conta própria. Compramos ingressos e passagens para tentar baratear os custos com agência”, fala.

A viagem será só para os irmãos. Miguel vai ter que esperar mais alguns anos.

Será que as figurinhas do álbum da Copa vão realizar o sonho do menino? Lucas aposta que sim.

“Ao contrário de outras copas, o Brasil está mais pé no chão. O 7×1 contribuiu pra isso. E pela primeira vez desde 86, temos um técnico mais experiente com uma bagagem de títulos que o credencia a seleção. Telê foi o último. Felipão era mais motivador”, diz.

Samba russo

Augusto Berto, analista de conteúdo digital, de 26 anos, não tem ingresso para ver jogos durante a Copa, mas já embarcou rumo à Rússia.

Na bagagem ele leva mais instrumentos do que roupa: é cavaquinho, tantã, bandolim, dois pandeiros e chocalho – “mais instrumento do que gente para tocar”, brinca. Ele vai acompanhado do irmão, Pedro Berto, 28, policial militar, em Brasília.

Augusto faz parte de um grupo de samba que se apresenta no Setor Comercial Sul, na capital federal, e quer levar a música brasileira para a Rússia. É para atrair brasileiros para a roda? Augusto garante que tem público cativo para o samba na terra de Maiakovski.

Por meio de um bandolinista do grupo no Brasil, conheceu um russo apaixonado por música brasileira — que toca, inclusive, cavaquinho. Este russo apresentou a Augusto um grupo semelhante a uma escola de samba na Rússia, chamada Samba Real. Para Augusto, indícios claros de que há público para o samba brasileiro – sem falar nos conterrâneos que estarão por lá torcendo pela Seleção.

“Estou mais interessado na experiência cultural. Não sou de acordar de madrugada para ficar na fila para comprar ingresso… e um jogo é R$ 800. Com esse dinheiro, eu viajo para Praga, Budapeste, vou conhecer outras cidades”, fala.

O plano dos irmãos é acompanhar o Brasil na primeira fase. “Vamos onde o Brasil estiver jogando”.

Eles embarcaram no domingo (10), estão fazendo uma parada na Europa, até chegar à Rússia no sábado (16) na véspera do jogo Brasil x Suíça, em Rostov.

Provas finais

Aquela semana de provas no colégio é sofrida para qualquer adolescente. Mas, imagina se, além de perder as provas, você pudesse assistir aos jogos do Brasil na Rússia? Foi o que tentou fazer o administrador Richard Vinhosa, 48 anos, para poder levar o filho Nicholas Hamond Vinhosa, 15 anos, para a Rússia. “Fui na escola do meu filho tentar antecipar a prova dele ou adiar para quando voltássemos, mas eles não aceitaram.”

Ele não se deu por vencido. Começou uma verdadeira operação de logística e gerenciamento de conflito para trocar a passagem do garoto, fazer passaporte novo com autorização de viagem para o menor, e ainda convencer a mulher, Monica Hamond Vinhosa, 48, a acompanhar o filho para a Rússia. “Ela não queria ir, mas vai para levá-lo. Consegui convencê-la a ficar uma semana”.

Nicholas vai encarar uma semana de provas, de segunda (11) a sábado (16), uma média de quase dois testes por dia. Richard embarca em São Paulo na quinta (14) e vai ver Brasil x Suíça em Rostov, no domingo (16). Nicholas e a mãe, Monica, chegam na segunda-feira seguinte (18). Monica volta dia 25 e Richard e o filho seguirão viagem sozinhos acompanhando a seleção até a semi-final. “Se Deus quiser, depois eu vejo a final com o Brasil campeão em casa, com a família.”

Mulher na área

As redes sociais e os grupos de WhatsApp ajudaram Bianca Geocze, 33 anos, psicóloga, a encontrar outras mulheres que também vão à Rússia. Elas se organizaram e criaram o “Elas na Copa”, com direito a conta no Instagram, Facebook, YouTube, e kit de torcida, com camiseta, boné e caneca. As amigas planejam se encontrar em algumas cidades nos dias de jogos da seleção. Antes da Copa, fizeram encontros regionais.

O grupo reúne cerca de 40 mulheres casadas, solteiras, viajantes solo ou em grupo, vindas de diversas partes do Brasil, como São Paulo, Rio, Brasília, Bahia, Alagoas, e Amazonas. De acordo com Bianca, tem até uma mulher da Argentina: “Uma graça”, fala Bianca. A união ajuda a se sentirem mais seguras, segundo Bianca.

Ela, que não é “super fã” de futebol, diz que vai à Rússia “pelo evento em si”. “Gosto de conhecer lugares diferentes e pessoas diferentes. Gosto de festa, animação, foi por isso que optei em ir. Copa é algo que me agrada, sempre me agradou.”

Esta será a primeira Copa de Bianca que não viu o torneio no Brasil, em 2014. “Na época eu estava trabalhando bastante e não consegui acompanhar.” Desta vez ela planejou tudo com antecedência: levou um ano e meio para tirar o plano do papel. Nesta segunda (11), ela embarcou rumo à Rússia, mas fará uma parada em Portugal antes se seguir viagem. Na quinta (14), deve chegar a Moscou.

Quando tudo dá errado, até dar certo

Sabrina Reis, uma dentista de 28 anos, disse que “não sabe nem o que falar sobre quantas loucuras” está fazendo para ir à Copa do Mundo na Rússia. Ela e o namorado, Marcelo Dourado, também dentista, de 29 anos, decidiram fazer a viagem em outubro e, desde então, o planejamento se incorporou à rotina: contas e mais contas, viagem com ameaça de perder os serviços, horas estendidas de trabalho para atender pacientes em cinco consultórios na região de Campinas, onde moram, e a família – que é de Altinópolis, no Sul de Minas, uma cidade de 10 mil habitantes – indo contra por medo de vê-la em um destino pouco conhecido para turistas em geral.

“Juntei todas as economias que eu tinha, trabalhei o triplo que podia, para comprar passagem, hotel e jogos para ir. Sou esforçada, tenho mestrado, se perder esses, consigo outros”, brinca. “E tem o meu consultório… fico nele né?”, conta ela, que atende em Campinas, interior de SP.

Sabrina costuma dizer que a viagem tem sido tão inusitada que “o que tem que dar errado, dá”. Ela foi sorteada para comprar os ingressos da Fifa, ficou na fila virtual, conseguiu o ticket que queria mas, na hora de passar o cartão, a compra não foi concluída porque havia excedido o limite em R$ 40. “A Suíça me ligou e eu não entendia nada”, fala, referindo-se à Fifa, cuja sede fica naquele país. Ela também não teve sorte quando comprou passagens de trem para ir a Rostov ver o jogo do Brasil. Errou a data e comprou um dia antes. “E eles não trocam nem reembolsam”, fala.

“Tudo no final dá certo. Está sendo um caminho difícil até chegar a viagem, mas uma hora ela começa.”

Felizmente, Sabrina e Marcelo conseguiram embarcar sem problemas na quinta (7) e já estão a caminho da Rússia – antes, vão passar alguns dias na Europa.

Fonte: G1

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