O popular “Mal do Movimento” pode ser tratado e, inclusive, evitado.
É comum as pessoas sofrerem de náuseas, tonturas e até vômitos em viagens de carro, navio, barco ou avião. O que poucos sabem é que essas complicações têm nome e tratamento específico e são causadas por solavancos, acelerações, desacelerações e movimentações rítmicas ou bruscas que acontecem durante a viagem.
O Minha Vida conversou com especialistas no assunto que explicaram por que a cinetose, ou Mal do Movimento, ocorre e como tratá-la.
Por que as pessoas enjoam?
O neurocirurgião do Grupo de Colunas do Hospital das Clínicas Alexandre Meluzzi explica que o órgão responsável pelo movimento é uma extensão no nosso sistema auditivo e possui uma estrutura chamada vestíbulo, popularmente conhecida como labirinto.
![](https://i0.wp.com/images3.minhavida.com.br/imagensConteudo/13407/cinetose_13407_23193.jpg?w=696)
Esse órgão tem três canais em formato de semicírculo, todos preenchidos com um líquido viscoso denominado endolinfa. O interior desses canais é revestido por células com diversos cílios ligadas a terminações nervosas, que estão em contato com nosso sistema nervoso central.
Os movimentos que nossa cabeça sofre durante as viagens provocam o deslocamento desse líquido, desviando os cílios e gerando impulsos elétricos que chegam até o sistema nervoso central. Nosso sistema nervoso, por sua vez, responde a esses impulsos com a sensação de náusea, podendo a pessoa sofrer enjoos e vômitos.
Os especialistas chamam isso de “vestibulopatia” temporária, cinetose ou Mal do movimento. Alexandre alerta que esse estímulo pode até gerar uma inflamação no órgão do equilíbrio, intensificando os sintomas e causando uma espécie de labirintite.
“Manter uma atitude positiva pode fazer a diferença”, diz Alexandre
Amenize os sintomas
Feito o diagnóstico médico de cinetose, o paciente deve tomar certos cuidados quando for fazer viagens de carro, navio, barco ou avião.
O otorrinolaringologista Fernando Pochini, do Hospital São Luiz em São Paulo, recomenda que a pessoa escolha lugares no veículo onde a amplitude do movimento seja menor, como o banco do meio do carro ou as partes centrais – no avião ou navio – ao invés das pontas.
No caso dos automóveis, Alexandre também recomenda viajar com velocidade reduzida, fazendo curvas mais largas.
![](https://i0.wp.com/images3.minhavida.com.br/imagensConteudo/13407/cinetose4_13407_23195.jpg?w=696)
“Como há fatores psicológicos envolvidos, manter uma atitude positiva pode fazer diferença” conta o neurocirurgião Alexandre, que dá uma lista de recomendações simples:
– Não ingerir muito líquido ou alimentos antes de viajar;
– Fazer paradas se possível, no caso dos automóveis;
– Reclinar o banco quando possível;
– Resfriar o corpo;
– Não ingerir álcool, pois ele agrava os sintomas;
– Evitar leitura durante as viagens;
– Não olhar pela janela e para os objetos em movimento;
– Fazer exercícios posturais e de relaxamento;
– Repousar e dormir para ajudar a controlar os sintomas.
A reabilitação do equilíbrio também pode ser feita por meio dos chamados exercícios vestibulares. “São exercícios repetitivos com os olhos, cabeça e corpo com o objetivo de criar um conflito sensorial, provocando o reajuste da função do equilíbrio”, explica o otorrino Fernando Pochini. Para mais informações sobre esses exercícios consulte o seu médico.
![](https://i0.wp.com/images3.minhavida.com.br/imagensConteudo/13407/cinetose2_13407_23196.jpg?w=696)
Medicações recomendadas
Se você já sabe que vai enjoar durante a viagem, uma boa pedida é usar algum tipo de medicamento que iniba os sintomas da cinetose antes mesmo de eles acontecerem. As medicações mais utilizadas são a metoclorpropramida, flunarizina, dimenidrinato e os inibidores centrais do vômito, como a ondansetrona. É importante ressaltar, porém, que todo medicamento deve ser indicado por um médico de confiança.
A ação desses medicamentos é simples. De acordo com Alexandre Meluzzi, elas podem inibem receptores dos núcleos centrais e controlam os sintomas de forma muito eficaz.
“No entanto, esses medicamentos diminuem a atividade encefálica, reduzindo os reflexos motores, diminuindo a percepção periférica de estímulos e causando sonolência”, alerta Alexandre. Por isso, não devem ser utilizados por quem vai dirigir ou pilotar em hipótese alguma.
![](https://i0.wp.com/images3.minhavida.com.br/imagensConteudo/13407/cinetose3_13407_23197.jpg?w=696)
Para aqueles são adeptos da medicina natural e sofrem com o Mal do Movimento, o clínico geral e estudioso de plantas medicinais Alex Botsaris recomenda o gengibre como santo remédio para esse mal estar. É cientificamente comprovada a atividade dessa planta contra náuseas e doenças relacionadas ao movimento.
“O chá deve ser consumido três vezes ao dia de viagem, de dois a quatro gramas da planta em forma de raiz fresca para cada 150 ml de água” diz o clínico, que completa: “Acupuntura também possui evidência científica de atuar na doença do movimento. Uma aplicação de agulhas pode ser feita antes da viagem”.
Também há especialistas que indicam a vitamina B6, presente no arroz integral, gérmen de trigo, aveia, amendoim, nozes e batata, e o magnésio – presente nas folhas verde-escuras, tais como espinafre e escarola – para ajudar a diminuir os sintomas.
Passei mal! E agora?
Se não teve jeito e você passou mal mesmo, os especialistas recomendam o uso de medicamentos antivertiginosos, sempre com supervisão médica.
Além disso, Alexandre lembra a importância da hidratação e reposição de sais minerais perdidos com os vômitos. O chá de gengibre, segundo o clínico Alex, também pode ser tomado após a manifestação dos sintomas.
Deixe seu comentário abaixo.
Fonte: Minha Vida