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Brasil não deve agir para aliviar dólar, dizem analistas

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Autoridades brasileiras têm escolhido enfrentar a depreciação cambial mais rápida do mundo com uma estratégia inesperada – não fazer nada, em silêncio.

O dólar já avançou quase 15 por cento contra o real apenas em março, o que faz da moeda brasileira aquela com pior desempenho entre as 152 moedas monitoradas pela Reuters.

Outras moedas de mercados emergentes também têm sofrido, com investidores se antecipando à iminente elevação de juros do Federal Reserve.

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Mas o real foi o mais afetado, refletindo a apreensão e investidores com a economia em contração, o alto déficit em conta corrente e o escândalo de corrupção, que têm chacoalhado o governo da presidente Dilma Rousseff.

Em vez de ativamente tentar administrar o valor do real, como Dilma fez durante a maior parte dos quatro anos de seu primeiro mandato, seu governo e o Banco Central parecem ter decidido que o enfraquecimento da moeda vai reviver a economia, ou que não conseguirão lutar contra o mercado.

Ou, mais provavelmente, ambos.

“A estratégia é clara: eles não querem deixar o real sobrevalorizado”, disse o economista-chefe para a América Latina do ING em Nova York, Gustavo Rangel. “Mesmo porque não tem muito mais o que o BC pode fazer”.

O BC tem sido especialmente silencioso nas últimas semanas, com autoridades negando pedidos para discutir o câmbio mesmo sob condições de anonimato. A assessoria de imprensa da autoridade monetária recusou-se a comentar sobre a estratégia da instituição.

A principal estratégia do BC para administrar o valor do real nos últimos anos tem sido a venda de swaps cambiais. Mas no fim de fevereiro, o BC sinalizou que desaceleraria a rolagem dos swaps – o que levou o dólar a subir ainda mais.

Alguns analistas acreditam que o BC poderia mudar de direção e tentar reduzir as cotações do dólar, especialmente se a escalada acelerar.

A disparada súbita poderia impulsionar ainda mais a inflação, que já está girando a 7,7 por cento ao ano – mais de um ponto percentual acima do teto da meta do BC.

“Veloz demais, furioso demais!”, diz o título de uma nota do Goldman Sachs sobre o avanço do dólar contra o real publicada na manhã desta sexta-feira.

Mas, pelo menos até agora, a reação das autoridades tem sido calma – especialmente comparado com países como Turquia e Indonésia, onde a depreciação cambial desencadeou disputas políticas e reuniões urgentes no gabinete.

MUDANÇA DE POSTURA

Dilma tem tentado adotar uma filosofia mais liberal em seu segundo mandato, que teve início em janeiro, para recuperar a confiança de investidores que a acusaram de ser intervencionista demais.

Seu novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, formado pela Universidade de Chicago e muito mais ortodoxo do que seu antecessor, disse pouco após assumir o cargo em janeiro que o governo não estava tentando manter o real artificialmente valorizado.

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse em 6 de março que a alta do dólar deve ajudar a indústria local a se tornar mais competitiva.

O vice-presidente de investimentos para mercados emergentes do UBS Wealth Management, Jorge Mariscal, disse esperar que o dólar permaneça a 3,20 reais ao longo dos próximos seis meses, para então cair a 3 reais.

Mas os riscos de fortalecimento da moeda norte-americana são abundantes, advertiu, especialmente se Levy não conseguir implementar seus planos de cortes orçamentários para reduzir o déficit fiscal.

Mesmo assim, a capacidade do BC de amparar o real, mesmo se essa fosse sua intenção, tornou-se mais limitada.

O BC já levou a Selic à máxima em seis anos de 12,75 por cento. Seu programa de swaps cambiais tem ficado cada vez mais caro – custou 17 bilhões de reais em 2014, aumentando o déficit orçamentário brasileiro.

A maioria dos analistas acredita que o BC deve estender o programa para além deste mês. No entanto, não esperam que a oferta de swaps seja elevada.

Vender dólares das reservas internacionais do Brasil não é aconselhável porque poderia desencadear um rebaixamento soberano, advertiu Rangel, do ING. “O soberano está mais vulnerável”, acrescentou.

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Fonte: Exame

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