Dilma Rousseff e primeiro-ministro japonês tiveram reunião em Brasília. Acordos são em áreas como engenharia naval e indústria petroleira.
A presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, assinaram nesta sexta-feira (1º) nove acordos de cooperação mútua entre os países na área industrial e econômica.
Entre as áreas contempladas pelos acordos (veja todos os nove abaixo), estão a engenharia naval, a indústria petrolífera, a educação e a mineração. Dos acordos firmados entre os países, dois preveem empréstimos ao Brasil que somam US$ 700 milhões para a construção de oito cascos de navios-plataforma de petróleo (US$ 500 milhões) e desenvolvimento de projetos agrícolas com foco na soja e no milho (US$ 200 milhões).
Após a cerimônia de assinatura de atos, a presidente Dilma Rousseff afirmou ter demonstrado ao primeiro-ministro japonês “grande satisfação” com o aumento nos últimos anos do investimento de empresas do país asiático no Brasil, como a abertura de fábricas de automóveis.
“Nós ainda examinamos a trajetória do comércio bilateral entre Brasil e Japão, que ultrapassou em 2013 os US$ 15 bilhões e reafirmamos nossa determinação de apoiar sua ampliação e sua diversificação, sobretudo, no lado das exportações brasileiras, ainda muito concentradas em produtos básicos”, disse a presidente.
Dilma ressaltou que há entre Brasil e Japão “vontade recíproca” de aumentar o fluxo comercial nos próximos anos e fortalecer a relação bilateral nas mais diversas áreas. Segundo a presidente, foi destacada durante a reunião a abertura de empresas japonesas na Bahia e no Rio Grande do Sul.
O Japão é o sexto principal parceiro econômico do Brasil no mundo e o segundo na Ásia, atrás da China. O fluxo comercial entre os países em 2013 somou US$ 15 bilhões e gerou ao superávit brasileiro US$ 882 milhões. Atualmente, segundo dados do Palácio do Itamaraty, vivem no Brasil 1,6 milhão de cidadãos com origem japonesa – a maior parte se concentra no estado de São Paulo.
Houve também a assinatura de acordo para cooperação mútua sobre questões ambientais e de sustentabilidade relacionadas a desastres naturais e cooperação na área da saúde, com objetivo de aumentar a cooperação na regulação farmacêutica.
Os dois países também assinaram acordo para aumento de investimentos no Brasil por parte de empresas japonesas de pequeno e médio portes, além da cooperação na área da mineração e no ensino da engenharia naval. O Japão é considerado pelo governo “investidor tradicional” nos setores portuário e petrolífero.
O Itamaraty informou ainda que Dilma e Abe trataram de temas considerados “relevantes” da agenda bilateral, como a expansão dos investimentos japoneses no Brasil, com destaque para os setores de construção naval e infraestrutura; ciência e tecnologia; e ampliação e diversificação das correntes de comércio bilateral.
Agenda internacional
Dilma destacou a jornalistas que temas da agenda internacional também foram discutidos durante a reunião com o primeiro-ministro Japonês. Segundo a presidente, foram tratados assuntos como a Cúpula do G20, em novembro, na Austrália, e conflitos no Oriente Médio e no leste da Ásia.
“Tratamos de temas centrais da agenda internacional. Renovamos nossas expectativas de que a próxima cúpula do G20 fortaleça o papel do grupo na coordenação das principais economias, para promover a retomada do desenvolvimento econômico”, disse a presidente.
“Ao mesmo tempo, destacamos a importância da ONU na resolução de conflitos regionais, como é o caso daqueles existentes tanto no Oriente Médio quanto no leste da Ásia, além da solidariedade do Brasil a qualquer iniciativa que promova a paz em todas as regiões do mundo”, concluiu.
Exportações de carne
A presidente afirmou ainda ter agradecido a Shinzo Abe a abertura do mercado japonês para as exportações de carne suína com origem em Santa Catarina, no ano passado. “E manifestei a expectativa de que o Japão suspenda o embargo à carne bovina termoprocessada do Brasil”, disse Dilma.
Brindes
Após as reuniões no Palácio do Planalto, Dilma e Shinzo Abe participaram de almoço com as respectivas delegações no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Durante o almoço, Dilma defendeu, em um brinde, que Brasil e Japão aumentem os acordos comerciais e o fluxo de investimentos.
“A visita [de Abe] marca o lançamento de uma nova fase nas nossas relações bilaterais. O estabelecimento da nossa parceria estratégica global é o reconhecimento de que, apesar de décadas de sucesso, nossa relação ainda dispõe de espaço para revitalizar-se”, disse a presidente.
Dilma ressaltou Brasil e Japão como países que buscam a igualdade social e a sustentabilidade. Em sua fala, Shinzo Abe destacou que os encontros desta sexta serviram para “compartilhar” os valores que as duas nações têm, como a democracia e o envolvimento em questões de segurança.
“O meu avô, como primeiro-ministro do Japão, e meu pai, como ministro dos Negócios Estrangeiros, também visitaram o Brasil. Meu avô, inclusive, conheceu Brasília na época de sua construção. Então, realmente desejo muita sorte a esta cidade e a este país. Portanto, estamos há três gerações contribuindo para a relação com o Brasil”, disse.
Veja os nove acordo assinados entre Brasil e Japão:
1- Cooperação na área de saúde em regulamentação farmacêutica, medicina preventiva, troca de experiências em sistemas públicos de saúde.
2 – Cooperação na área de ciência e tecnologia em projetos no campo de ciências do mar e da terra, por meio de troca de pessoal e discussões conjunta
3 – Parceria que possibilite a colaboração entre ministérios de ciência e tecnologia e seus institutos associados sobre questões ambientais e de sustentabilidade relacionadas a desastres naturais.
4 – Acordo de cooperação entre os países para identificar projetos de mútuo interesse entre BNDES e Japan Bank for International Cooperation
5 – Empréstimo de 500 milhões de dólares para a construção de oito cascos de navios-plataforma de petróleo entre a Petrobras e a Nippon Export and Investment Insurance e o Banco Mizuho.
6 – Acordo de empréstimo e suplementar de sguro para projeto agrícola entre a Amaggi e empresas japonesas no valor de 200 milhões de dólares para projetos agrícolas de soja, milho e outros grãos.
7- Acordo de cooperação na área de mineração entre a Vale S/A e a Japan Oil, Gas and Metals Corporation para finalização do projeto de Xixano em Moçambique, cooperação em carvão e tecnologia de minas.
8 – Acordo entre a Vale e o Japan Bank for International Cooperation para financiamento de projetos de mineração de ferro, carvão e outros minerais.
9 – Memorando de entendimento entre a universidade federal de Pernambuco, o estaleiro atlântico sul e a IHI Corporation para ensino de engenharia naval.
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Fonte: G1