Candidato do PSL à Presidência afirmou que magistrados têm “que se dar ao respeito”; Corte julga caso de preconceito contra quilombolas e refugiados
RIO DE JANEIRO – No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa se tornará réu por racismo o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, o candidato atacou os ministros da Corte durante agenda pública no Rio. O deputado afirmou nesta quarta-feira, 28, que o Supremo tem de “respeitar” o povo brasileiro e criticou a discussão sobre a descriminalização do aborto para mulheres que façam a interrupção voluntária da gestação até a 12.ª semana da gravidez.
“Eles (os ministros do Supremo) têm que ser respeitados? Têm, mas têm que se dar ao respeito também”, disse o candidato em visita ao Ceasa da capital fluminense.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julga esta tarde uma denúncia contra Bolsonaro pelo crime de racismo. Se a denúncia for acatada, o inquérito será transformado em ação penal, e Bolsonaro passará à condição réu. Caso a denúncia seja aceita, não há previsão que ela seja analisada até o fim da eleição.
Bolsonaro já é réu no STF em outra ação penal, aberta em 2016, em razão de uma entrevista na qual ele disse que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada. Ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre, ele declarou em dezembro de 2014 que ela era “muito ruim” e “muito feia” e, por esse motivo, não seria merecedora do estupro. Duas ações penais o tornaram réu em razão desses casos.
Nesta quarta, Bolsonaro assumiu uma postura crítica à Corte em relação a análise da terceira denúncia. Ele afirmou que, como deputado federal tem o direito a opinião, os ministros do Supremo têm de respeitar a Constituição. “Respeite o Artigo 53 da Constituição. No Artigo 53, diz que eu, como deputado, sou inviolável por qualquer opinião”, afirmou o presidenciável do PSL.
De acordo com a denúncia feira da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro praticou de racismo em uma palestra que deu no clube A Hebraica, do Rio de Janeiro, em abril do ano passado. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, considera que ele demonstrou preconceito contra quilombolas e refugiados. Bolsonaro afirmou que “o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”. “Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais”, disse Bolsonaro na ocasião.
Fonte: Terra