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Após queda de ciclovia com 2 mortes, buscas serão retomadas na sexta-feira

Atualizado há

Uma sombra foi vista no mar e bombeiros tiveram que retomar as buscas. Bombeiros concluíram que a sombra era, na verdade, um galho na água.

As buscas por vítimas do desabamento da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, na Zona Sul do Rio, que foram retomadas após uma pessoa ver uma sombra no mar próximo às pedras, terminaram por volta das 19h desta quinta-feira (21). Os bombeiros concluíram que a sombra era, na verdade, um galho na água.

Pelo menos duas pessoas morreram após o desabamento de parte da ciclovia, mas podem haver mais vítimas. As buscas vão recomeçar nesta sexta-feira (22), ao nascer do sol.

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De acordo com o comandante das Unidades de Salvamento Marítimo, Marcelo Pinheiro, ainda podem haver corpos no mar e eles podem ter entrado nas fendas das pedras. Ainda segundo o bombeiro, não é possível mergulhar neste momento porque o mar está muito violento, mas pode ser que algum corpo apareça quando a maré baixar.

A 15ª DP (Gávea) abriu inquérito para investigar o desabamento. Em nota, a Polícia Civil informou que a perícia já esteve no local e um helicóptero do Serviço Aeropolicial (Saer) auxiliou na buscas.

Engenheiro é uma das vítimas
Foi idenficado como Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, um dos mortos no desabamento. Quem o reconheceu foi o cunhado, João Ricardo Tinoco, que foi ao local a pedido da irmã, Eliana Tinoco, a viúva do engenheiro. A segunda vítima ainda não havia sido identificada até a última atualização desta reportagem. Uma terceira vítima ainda é procurada.

“Ele falou que ia chegar ao meio-dia em casa, aí a minha irmã, que é médica e estava indo operar, sentiu um aperto no coração e pediu para eu ligar e ele sempre corre naquela direção da Niemeyer, que é bonita. Ela me ligou e pediu uma ajuda. Como eu estava aqui pertinho, eu parei o carro e vim ver se era ele. Eu que vi pela primeira vez [o corpo]. Não ficou boa essa ciclovia, porque se logo no início já caiu. Realmente foi uma fatalidade horrível. Ele era corredor, sempre corria”, contou o cunhado.

Imagens exibidas na Globo mostram o desespero da viúva ao chegar na Praia de São Conrado para reconhecer o corpo (veja no vídeo abaixo). Muito abalada, ela foi até o Instituto Médico Legal (IML) e não quis gravar entrevista.

‘Imperdoável’, diz Prefeitura
O secretário Executivo de Governo, Pedro Paulo Carvalho, garantiu que não há riscos de novos desabamentos e classificou o acidente como “imperdoável”. O mesmo adjetivo foi usado pelo prefeito Eduardo Paes, em nota divulgada pouco depois (leia a íntegra no fim da reportagem).

“É imperdoável o que aconteceu, já determinei a apuração imediata dos fatos e estou voltando para o Brasil para acompanhar de perto”, disse o prefeito, que saiu à noite do Rio (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).

O secretário confirmou que há suspeita de que mais uma vítima ainda esteja desaparecida e que a prefeitura vai trabalhar com técnicos que fizeram a obra.

“Ainda há suspeitas de uma pessoa no mar. Ainda não há confirmação, mas o Corpo de Bombeiros trabalha com a possibilidade de mais uma vítima. Nós não vamos trabalhar com especulação. Vamos trabalhar com os técnicos que fizeram a obra para saber realmente o que causou o acidente”, afirmou o secretário.

Damião Pinheiro de Araújo, de 60 Anos, passava pelo local de bicicleta na hora em que as ondas atingiram a ciclovia.

“As pessoas pararam na ciclovia, acharam bonito e ficaram tirando fotos das ondas. Eram enormes. Veio uma maior ainda, a ciclovia levantou e caiu um pedaço. Vi as pessoas caindo. É triste. Toda vez que o mar subir vai ter que interditar a ciclovia, faz parte da natureza. Para mim ela foi mal planejada”, disse Damião.

O administrador Guilherme Miranda passava pelo local no momento do acidente.

“Eu quase morri. Já chegou a imprensa inteira. Cadê o prefeito, cadê o engenheiro que fez essa obra? É desesperador você ver as pessoas morrendo na sua frente. Alguém tem que dar uma resposta disso, foram R$ 45 milhões. Acabaram de inaugurar e já está rachada em vários pontos, passo aqui todos os dias para ir e voltar do trabalho”, disse Guilherme.

Ele relata ainda ter visto três corpos boiando. Miranda criticou ainda o ato de a ciclovia ser afastada da pista, o que deixa o ciclista sujeito a assaltos.

Um outro homem que também passou pelo local pouco antes do acidente relatou que a onda era muito forte. “A onda batia na pedra e subia, varria a Niemeyer e a ciclovia. Era tão forte que não dava pra passar. Eu tive que esperar no meu caminho de ida e volta”, contou Roberto Meliga.

‘Falha de projeto’, diz Crea-RJ
O engenheiro civil e conselheiro do Crea-RJ, Antônio Eulálio, declarou à Globo News que acredita que houve “uma falha de projeto” da ciclovia da Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul do Rio, que desabou na manhã deste sábado.

O problema é que não foi previsto no projeto essa força excepcional porque a onda levantou a ponte. Acho que foi uma falha de projeto. Só tem uma viga central praticamente, então, não tem resistência para o momento. São dois apoios, ele não conseguiu suportar esse esforço de rotação, devido a onda que bateu. Foi falha de concepção do projeto”, afirmou o engenheiro civil e conselheiro do Crea-RJ. “Não foi previsto no projeto, deveria ter sido”.

Ele acrescentou que “os autores do projeto vão ser chamados para terem direito à defesa” para que sejam aplicadas as medidas cabíveis. E acrescentou ainda que pode ocorrer a “até a cassação do registro”.

O Consórcio Contemat-Concrejato, responsável pela obra, informou que uma equipe técnica da empresa já se encontra no local, trabalhando em coordenação com a Secretaria Municipal de Obras e que as prioridades neste momento são garantir o atendimento às vítimas e seus familiares e avaliar as causas do acidente.

Complexo Tim Maia
O trajeto total, do Leblon à Barra, terá sete quilômetros de extensão, mas ainda não tem data exata para ser inaugurado. Com construção iniciada em junho de 2014, a ciclovia teve custo de R$ 44,7 milhões.

Grande parte da ciclovia — nos bairros do Leblon e São Conrado — já existiam e foram incluídas no complexo cicloviário que ganhou o nome de Tim Maia porque, no projeto original, vai ligar o Rio “Do Leme ao Pontal”, exatamente como na canção imortalizada por ele.

No início do ano, cariocas e turistas já dividiam o espaço com os operários. Em nota na ocasião, a prefeitura do Rio informou que o uso da pista durante as obras não era proibido, mas sim indevido.

 

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Fonte: G1

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