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Agentes penitenciários revelam como armas entram em presídio do Recife

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Dois agentes contaram detalhes como o preço de um facão, R$ 300.Secretário afirma que alambrado será reforçado para impedir arremesso.

A polícia ainda não sabe quem disparou o tiro que matou o sargento Carlos Silveira durante a rebelião da semana passada no Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, que abriga três presídios. Agentes penitenciários garantem que o tiro partiu de um dos pavilhões. Nesta quarta-feira (28), em entrevista ao NETV 1ª Edição, um agente contou, sem se identificar, detalhes sobre como as armas e drogas entram e são comercializadas dentro do complexo — o custo de um facão é de aproximadamente R$ 300. Vídeos e fotos corroboram a denúncia de que existem armas de fogo nas mãos dos presos e de que são eles que dominam as unidades.

No espaço onde deveriam estar pouco mais de 2 mil pessoas vivem 7 mil homens, acusados de crimes como assassinato e tráfico de drogas. Imagens gravadas ao lado do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), parte do complexo, mostram foices e cola de sapateiro apreendidos na terça-feira (27) perto do muro, do lado de dentro. Segundo o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, foram apreendidos dez facões, 13 facas, vários barrotes (espécie de arma de madeira, como um taco) e ainda 760 litros de cachaça artesanal.

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Sem se identificar, dois agentes comentaram o caso. Eles estimam que quase todo o material retirado na última revista já tenha sido reposto com a entrada praticamente diária de encomendas por cima do muro. Afirmam que os presos seguem armados e se comunicando livremente com quem querem. É pelo celular que eles articulam a entrada de outros telefones, armas e drogas por cima do muro.

Durante a rebelião, o sargento Carlos Silveira do Carmo, 44 anos, estava na guarita que fica entre os três presídios quando foi baleado e acabou morrendo. A chefia da Polícia Civil designou um delegado especial para identificar de onde partiu o tiro. Os presos estavam rebelados sobre o telhado e a polícia procurava controlar a situação. Os agentes penitenciários estavam dentro do presídio e os tiros foram na direção deles.

“Quem atirou no sargento foram os presos dentro do [Presídio Aspirante Marcelo Francisco de Araújo] Pamfa, de dentro do pavilhão. Atiraram em direção à guarita central. Alguns policiais estavam com o sargento, eles confirmam isso, viram que o sargento estava sem o colete e quando ele estava em pé, tomou um tiro no rosto e caiu. Até porque não tinha nem policial nem agente penitenciário dentro dos pavilhões”, conta um dos agentes.

Vistoria avisada
Os agentes não têm dúvida de que há armas escondidas nas celas – e faz tempo. “Nós temos certeza disso, nós denunciamos todos os dias, mas a Secretaria, quando faz uma vistoria, é uma vistoria avisada e num único pavilhão. Ou seja: o preso transfere a arma pra um outro pavilhão e fica por isso mesmo, ninguém consegue encontrar”, explica o agente.

“Cada facão é vendido dentro da unidade prisional pelos presos por cerca de R$ 300. Os presos, quando não conseguem o facão industrializado, que vem da rua, eles conseguem fabricar os próprios facões lá dentro com pedaços de chapa e ferro”, explica o agente.

Governo
O secretário Pedro Eurico afirma que esteve em Brasília, no Departamento Penitenciário Internacional, discutindo providências junto com o governo federal para o problema ocorrido em Pernambuco. “Se existe arma, se existe faca, se existe ‘chuço’ [arma artesanal], é porque existe tráfico e nós temos que combater”, afirma.

“Nós estamos apreendendo isso com agentes do sistema prisional, do Grupo Especial de Operações [GOE]. E vamos ampliar essas operações. Vamos continuar fazendo todos os dias. Não é verdade que todas essas armas entram somente por cima do muro”, declara. Segundo ele, as armas são comercializadas por pessoas mal intencionadas, dentro do próprio sistema, e isso será apurado.

Em relação à origem do tiro que matou o sargento, Pedro Eurico garantiu que haverá investigação rigorosa. “Se esse preso atirou, nós exigimos a apuração do caso. Quem praticou o homicídio vai ser responsabilizado. Nós sentimos muito que um suboficial da polícia tenha sido morto neste episódio, mas nós vamos apurar”, falou.

Sobre a acusação de falhas na fiscalização que permitem a entrada irregular de armas, o secretário afirma que esse não é o único fator. “Domingo às 5h30 eu estava no Aníbal Bruno, entrei para falar com os presos sozinho, sem segurança. Acho que os agentes precisam entrar mais. E tem força”, afirmou. Eurico disse ainda que há um grupo de segurança formado pelos próprios agentes que presta um grande serviço. O secretário informou que será construído um alambrado reforçado com cerca de seis metros de altura. “Vai ser praticamente impossível lançar qualquer coisa”, garantiu.

Superlotação, armas e festas
Formado por três presídios, o Complexo do Curado (antigo Aníbal Bruno) é o maior do estado. As unidades têm capacidade para 1.800 presos, mas atualmente abrigam 7.000. A confusão ocorreu no mesmo pavilhão onde, no início do mês, um cinegrafista da TV Globo captou imagens de presos utilizando facões e celulares. Um vídeo mostrando a realização de festas e fabricação de cachaça artesanal na unidade também foi divulgado. Após as denúncias, o governo do estado prometeu reforçar a segurança e adotar medidas para evitar problemas no presídio.

O motim nas unidades começou após presos protestarem por mais agilidade no julgamento dos processos, alegando que muitos estariam reclusos irregularmente. O Tribunal de Justiça já tinha autorizado a criação de um grupo de trabalho para agilizar processos-crimes que são do Complexo.

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Fonte: G1

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