Sistema comprado da HP está na nova geração de TVs da empresa coreana.
“Ver TV era algo simples no passado. Mas nos últimos anos tudo se complicou. Há muitos acessórios, videogames, serviços de vídeo online e outros recursos. Nossa ideia com o WebOS é tornar a TV novamente simples”. É assim que Colin Zhao, diretor de produtos da LG, resume a estratégia por trás das novas TVs da empresa com o sistema WebOS.
O iG visitou o laboratório da empresa em Santa Clara (EUA), e conferiu de perto como a empresa coreana pretende aproveitar o espírito de inovação do Vale do Silício para mudar o mercado de TVs inteligentes, as Smart TVs. A aposta da empresa é o WebOS, sistema adquirido da HP em fevereiro de 2013.
Logo nos primeiros minutos da apresentação, percebe-se que o WebOS é um sistema diferente de seus concorrentes. Outros sistemas usados em Smart TVs, incluindo o Netcast da LG, têm interfaces similares às usadas em smartphones, com ícones representando os aplicativos.
“Quando as Smart TVs começaram a aparecer, a ideia era criar uma interface parecida com a dos smartphones, pois as pessoas já conheciam esses aparelhos. Mas concluímos que essa abordagem é errada”, argumenta Zhao. Para ele, as pessoas têm comportamentos muito diferentes ao usar o smartphone e a TV, e essa diferença tem que se refletir na interface do sistema. “No smartphone você está ocupado o tempo todo, interagindo. Na TV, você quer relaxar”, afirma.
Interface mais simples
A interface do WebOS se resume a uma barra horizontal na parte inferior do aparelho. É nela que ficam os aplicativos e recursos da TV, mostrados em forma de pequenos cartões, lado a lado. Um aspecto importante é que o WebOS trata aplicativos, sinal de TV convencional e de outras fontes (videogames, decodificadores etc.) da mesma forma, ou seja, todos são representados de forma igual. “Do ponto de vista do usuário, é tudo conteúdo”, explica Zhao.
Assim, para mudar do YouTube para o Netflix, por exemplo, basta apontar o controle para o ícone do Netflix e clicar. O WebOS pausa o vídeo do YouTube e mostra o vídeo do Netflix. O processo é o mesmo para alternar, por exemplo, entre TV aberta e YouTube.
A ideia da LG é que esse processo seja intuitivo e rápido como uma mudança de canal na TV. Na demonstração, o sistema realmente se mostrou rápido ao alternar entre vários serviços.
O WebOS usa o controle remoto Magic Remote, já usado no outro sistema de Smart TVs da LG, o Netcast. Esse controle funciona de modo similar ao controle do Wii, ou seja, o usuário gira o pulso para mover um cursor na tela e clica sobre o ícone desejado. É um sistema mais prático do que outros controles, que exigem que o usuário aperte um botão de seta repetidas vezes para navegar entre os recursos da TV.
O WebOS vem com aplicativos de vídeo mais populares, como YouTube e Netflix. No Brasil, o sistema terá também alguns apps de empresas nacionais, como a Saraiva. O WebOS tem também uma loja de aplicativos e a LG tem um laboratório no Brasil para estimular o desenvolvimento de apps para o sistema. O sistema tem ainda recursos encontrados em outras plataformas de Smart TV, como navegador web e comandos por voz.
TVs com WebOS já chegaram ao Brasil
No Brasil, as primeiras TVs com WebOS chegaram neste mês. A linha LB6500 tem aparelhos entre 39 e 65 polegadas, com preços entre R$ 2.199 e R$ 9.499. Até agosto, a empresa trará mais modelos com WebOS, incluindo alguns aparelhos com resolução 4K. Até o fim deste ano, 8% dos aparelhos vendidos pela LG no País devem ter o WebOS.
WebOS tem história de altos e baixos
Criado pela Palm, o WebOS fez sua estreia na CES de 2009, nos smartphones da linha Pre. Os aparelhos foram o grande destaque da feira naquele ano e foram considerados por muitos os primeiros rivais de verdade do iPhone. Mas a Palm já era uma empresa em dificuldades e os smartphones Pré foram lançados apenas por uma operadora de médio porte nos EUA. Ou seja, apesar do sucesso de crítica, o WebOS não foi capaz de mudar a trajetória de queda da Palm.
A empresa foi comprada pela HP em abril de 2010. A HP adotou o WebOS no malfadado tablet TouchPad, que foi um fracasso de vendas e ficou apenas dois meses no mercado, em meados de 2011.
Na época, analistas criticaram a HP por ter corrido com o lançamento do TouchPad e ter lançado um aparelho incompleto, apenas para ter um rival para iPad.
O sistema WebOS foi mais uma vez elogiado por ser fácil de usar e elegante. Mas as críticas foram pesadas sobre a pouca quantidade de aplicativos e problemas de desempenho do TouchPad. Novamente, mesmo elogiado, o WebOS fracassou.
Compra do WebOS surpreendeu mercado
Assim, a compra do WebOS pela LG surpreendeu o mercado. Afinal, o que teria levado a LG a comprar um sistema usado em smartphones e usá-lo em TVs? Para Samuel Chang, vice-presidente da divisão da LG responsável pelo WebOS, a resposta pode ser resumida em três razões técnicas.
A primeira é que o WebOS é um sistema moderno, ou seja, criado no fim dos anos 2000 e com conceitos de programação mais recentes. A segunda é que o sistema trata a web como ponto central, o que facilita a criação de aplicativos e a integração com serviços da internet. A terceira é que o WebOS tem excelente desempenho em tarefas de multitasking, ou seja, ele suporta muito bem o uso de vários serviços ou aplicativos simultaneamente. Essa característica permite, por exemplo, uma rápida transição entre serviços de vídeo diferentes.
É com essas características que a LG espera que o WebOS se torne a plataforma dominante no mercado de Smart TVs. Os primeiros televisores com WebOS começaram a ser vendidos nos EUA e em outros países em março. Em três meses no mercado, a LG vendeu 1 milhão de aparelhos com o sistema. O objetivo da empresa é chegar à marca de 10 milhões de unidades vendidas no primeiro ano.
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Fonte: iG