GEORGETOWN – A tensão entre Guiana e Venezuela se intensifica com a recente declaração do vice-presidente guianense, Bharrat Jagdeo, afirmando que não há planos imediatos para um encontro entre autoridades da Guiana e o ditador venezuelano, Nicolás Maduro. A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva semanal na quinta-feira (13).
O impasse ocorre após o pedido de Maduro por uma reunião urgente com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, que está atualmente nos Estados Unidos em reuniões com altos funcionários do governo americano. A tentativa de diálogo ocorre em meio ao litígio centenário pela região de Essequibo, que corresponde a 74% do território da Guiana.
Nesta quinta-feira, a embaixadora dos Estados Unidos na Guiana, Nicole Theriot, reafirmou o forte apoio americano ao país sul-americano na disputa pelo território de Essequibo. A Guiana recorreu recentemente à Corte Internacional de Justiça (CIJ), da Organização das Nações Unidas (ONU), pedindo que a Venezuela seja proibida de descumprir decisões judiciais sobre o litígio.
“Isso tem que ser avaliado em relação ao que ele quer se encontrar e também se é bom para o nosso país e nosso interesse de segurança nacional. O presidente fará essa avaliação”, declarou Jagdeo sobre o pedido de Maduro por uma reunião.
O conflito se agravou após a Venezuela realizar, em 2023, um referendo popular para aprovar a anexação de Essequibo ao seu território, ação considerada unilateral e que ocorreu apesar de proibições estabelecidas pela CIJ. Em 2024, Nicolás Maduro promulgou oficialmente a anexação da área, contrariando um acordo anterior de não escalar o conflito.
A situação se tornou ainda mais crítica com a convocação pela Venezuela de eleições gerais para 25 de maio deste ano, incluindo eleições para governadores e deputados estaduais e federais de Essequibo. A data escolhida é um dia antes da celebração da independência guianense, o que foi visto como uma provocação por parte do governo da Guiana.
O governo guianense não recuou e endureceu sua posição. Robeson Benn, ministro de Assuntos Internos da Guiana, anunciou que qualquer cidadão guianense que eventualmente se eleger como governador de Essequibo será preso por traição. Essa postura reflete a determinação da Guiana em garantir a sua soberania e defender sua integridade territorial.