GEORGETOWN – Os venezuelanos aprovaram, em um referendo realizado no domingo (03), a anexação da região de Essequibo, rica em petróleo e atualmente controlada pela Guiana. A área é palco de uma longa disputa territorial entre os dois países, agravada pela recente descoberta de vastos recursos energéticos. O governo de Nicolás Maduro divulgou que mais de 95% dos eleitores votaram a favor da anexação, alimentando temores de um conflito armado na região.
A região de Essequibo, densamente florestada, representa cerca de dois terços do território nacional da Guiana e é aproximadamente do tamanho do estado da Flórida, nos Estados Unidos. O referendo, em grande parte simbólico, questionou os eleitores sobre a criação de um estado venezuelano em Essequibo, com a incorporação da região ao território venezuelano.
Embora o resultado seja anunciado como uma vitória esmagadora para a anexação, as medidas práticas que o governo venezuelano tomará para afirmar sua reivindicação ainda não estão claras. A Venezuela há muito reivindica Essequibo, argumentando que a decisão de 1899, que estabeleceu as fronteiras atuais, não é válida, já que a Guiana era então uma colônia britânica.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, classificou o movimento como um passo para a anexação e uma “ameaça existencial”. A Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, havia decidido anteriormente que a Venezuela deveria se abster de tomar qualquer ação que modificasse a situação atual no território em disputa.
Apesar das expectativas de que as implicações práticas do referendo sejam limitadas, a região testemunhou movimentações de tropas, e a comunidade internacional comparou a situação à invasão russa na Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores da Guiana, Robert Persaud, expressou preocupação com o aumento sem precedentes nas tensões entre os dois países.
Embora a criação de um estado venezuelano em Essequibo seja considerada uma possibilidade remota, o referendo permite a Maduro capitalizar politicamente em meio a desafios internos. A oposição venezuelana acusa o governo de usar a questão de Essequibo como uma manobra para angariar apoio popular em uma difícil campanha de reeleição. A situação permanece fluida, com implicações geopolíticas que exigem atenção contínua.