CARACAS – Nos últimos dias, as tensões entre Venezuela e Guiana reacenderam devido à disputa pelo território de Essequibo, alimentando preocupações sobre a possibilidade de um conflito direto entre as duas nações. Embora especialistas considerem essa possibilidade pouco provável, o cenário potencialmente explosivo destaca as disparidades militares entre os dois países.
A Venezuela, classificada como o sexto país que mais investe em sua força militar globalmente, contrasta fortemente com a Guiana, posicionada apenas na 152ª posição, de acordo com o The World Factbook da CIA. Essa diferença é evidente tanto em termos de pessoal quanto de equipamentos, conferindo à Venezuela uma vantagem significativa em termos de força militar.
Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, enfatiza a disparidade, afirmando que as Forças Armadas venezuelanas são uma das mais bem equipadas da América do Sul, apresentando uma superioridade colossal em comparação com as da Guiana.
O temor de um confronto direto entre essas nações não se limita apenas aos seus interesses individuais. Carmona destaca que um eventual conflito teria repercussões em outros países, mencionando que uma investida militar venezuelana poderia abrir portas para um conflito mais amplo, envolvendo os Estados Unidos e o Brasil. A proximidade geográfica do Brasil à Venezuela, na rota terrestre para a Guiana, implicaria que ambos os países poderiam ser arrastados para um conflito, apesar da neutralidade brasileira na disputa territorial.
O desafio logístico de um ataque direto à Guiana a partir da Venezuela é significativo, considerando a postura neutra do Brasil e a improbabilidade de confronto direto entre os presidentes Nicolás Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, a difícil geografia, com vastas áreas de mata densa e fechada, tornaria o avanço das tropas venezuelanas extremamente complexo. A alternativa pelo mar, embora possível, envolveria custos políticos significativos para Maduro.