CARACAS – A Venezuela continua a expandir suas infraestruturas e equipamentos militares perto da fronteira com a Guiana, intensificando as ameaças do presidente Nicolás Maduro de anexar parte do território guianense, rico em petróleo. Este movimento tem gerado apreensão internacional e exacerbou as tensões regionais.
Relatório do CSIS Alerta sobre Potencial Conflito
Um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), compartilhado com a CNN, adverte que, embora a Venezuela tenha “pouco a ganhar e muito a perder com um conflito em plena expansão”, continua a jogar um “jogo perigoso” com sua reivindicação sobre a região de Essequibo. O relatório destaca que a retórica constante de que “o Essequibo é nosso” e a criação de novos comandos militares e estruturas legais para defender a região estão institucionalizando uma postura de guerra iminente.
Escalada de Tensão e Reações da Guiana
A tensão aumentou significativamente no ano passado após um referendo na Venezuela, onde os eleitores aprovaram a criação de um estado na área disputada. A Guiana classificou essa medida como um passo em direção à anexação e uma ameaça “existencial”. Em fevereiro, a CNN relatou a expansão das operações na base militar venezuelana na Ilha Anacoco, apesar de um acordo diplomático de dezembro de 2023 entre os dois países.
Expansão na Ilha Anacoco
Utilizando imagens de satélite e redes sociais, o CSIS confirmou a expansão contínua da base militar na Ilha Anacoco. Pesquisadores identificaram a construção de uma ponte sobre o rio Cuyuni, conectando a margem venezuelana à ilha, uma questão de discórdia entre os países desde que a ilha foi concedida à Guiana por um tribunal internacional em 1899, mas anexada pela Venezuela na década de 1960. Além disso, o campo de aviação da ilha foi ampliado, incluindo uma pequena torre de controle e mais de 75 tendas de campanha, suficientes para acomodar uma unidade do tamanho de um batalhão.
Movimentação Naval e Ameaça Militar
Na costa, foram avistados pelo menos dois barcos rápidos equipados com mísseis Peykaap III, construídos no Irã, na estação da guarda costeira da Venezuela em Punta Barima, colocando mísseis e forças navais ao alcance de Essequibo. Essa área está a apenas 64 quilômetros da fronteira com a Guiana.
Reação Internacional e Capacidades da Guiana
As ações venezuelanas alarmaram os aliados da Guiana. Na semana passada, dois caças F/A-18 da Marinha dos Estados Unidos sobrevoaram a capital Georgetown, em demonstração de cooperação de segurança e expansão da parceria bilateral de defesa com a Guiana. Apesar de suas vastas reservas de petróleo, a Guiana tem um exército estimado em menos de 5 mil soldados e carece de equipamentos adequados para enfrentar uma possível agressão venezuelana.
Especulações sobre Motivações de Maduro
Especialistas especulam que as eleições venezuelanas marcadas para o final de julho podem estar motivando Maduro a aumentar a tensão como uma forma de desviar a atenção dos problemas internos. O CSIS argumenta que, em vez de reduzir a agressão após a votação, Maduro pode intensificar tanto a retórica quanto as ações relacionadas a Essequibo para criar uma crise regional no rescaldo de uma eleição contestada.
Conclusão
Embora iniciar um conflito total com a Guiana possa não ser do interesse de Maduro, a crescente retórica nacionalista e a militarização da fronteira criam um cenário preocupante. O risco é que Maduro se torne vítima de sua própria retórica, exacerbando as tensões e potencialmente desencadeando um conflito incontrolável.