CARACAS – A Assembleia Nacional da Venezuela, dominada por aliados do presidente Nicolás Maduro, aprovou por unanimidade a criação de um novo estado em Essequibo, uma região disputada há muito tempo com a Guiana. Esta decisão intensifica ainda mais as tensões entre os dois países, apesar da existência de um julgamento internacional pendente sobre a soberania dessa área.
Essequibo, uma vasta extensão de território de aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados, tem sido objeto de disputa entre a Venezuela e a Guiana por décadas. Embora grande parte da região seja coberta por densas florestas, descobertas recentes de vastas reservas de petróleo e gás tornaram-na ainda mais cobiçada.
Esta medida ocorre alguns meses após um referendo realizado pelo governo de Maduro, em dezembro de 2023, buscando a anexação de Essequibo à Venezuela. A proposta incluía o direito de controle venezuelano sobre o território e a autorização para exploração petrolífera. No entanto, os resultados desse referendo não foram publicados, gerando dúvidas sobre sua legitimidade.
Enquanto isso, a questão da soberania sobre Essequibo está sob consideração da Corte Internacional de Justiça (CIJ), embora o governo venezuelano não reconheça sua jurisdição sobre o assunto. A Guiana, por sua vez, reafirmou sua soberania sobre a região e afirmou que suas fronteiras não estão sujeitas a debate.
A legislação aprovada pela Assembleia Nacional venezuelana estabelece que o novo estado, chamado de Guiana Essequiba, será o 24º estado da Venezuela. Suas fronteiras serão definidas pelo Oceano Atlântico ao norte, pelo Brasil ao sul, pela Guiana a leste e pelos estados venezuelanos de Delta Amacuro e Bolívar a oeste.
O presidente da Assembleia, Jorge Rodríguez, afirmou que a criação desse novo estado é uma resposta ao suposto apoio popular expresso no referendo de dezembro de 2023. A cidade de Tumeremo, localizada em Bolívar, sul da Venezuela, será designada como capital provisória do novo estado até que uma solução mutuamente aceitável seja alcançada com a Guiana.
Enquanto a Venezuela avança com sua iniciativa, a Guiana reitera sua posição firme em defender sua soberania sobre Essequibo. O impasse persiste, alimentando preocupações sobre uma escalada nas tensões entre os dois países e destacando a complexidade das disputas territoriais na região.
