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Uma semana após tragédia, 630 desabrigados não sabem onde vão morar

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Em meio ao luto e à tristeza, moradores de Bento Rodrigues convivem com futuro incerto.

Uma semana depois da tragédia que tirou o distrito de Bento Rodrigues do mapa, os sobreviventes ainda contabilizam os prejuízos causados pelo rompimento de duas barreiras da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, na região central de Minas Gerais.

Pelo menos seis pessoas, entre elas duas crianças, morreram e 20 estão desaparecidas. Para os 630 desabrigados, em meio ao luto e à tristeza pela perda de amigos, parentes, animais e casas, sobram dúvidas que parecem estar longe de ser respondidas.

Hospedadas em hotéis e pousadas da região, as 183 famílias que ficaram sem casa ainda não sabem onde vão morar. Na última terça-feira (10), o coronel Helberth Figueiró de Lourdes, coordenador da Defesa Civil do Estado, afirmou que, mesmo após o fim das buscas por vítimas na região, vai recomendar que ninguém volte para o vilarejo.

— Há quatro ou cinco metros de lama compacta em Bento Rodrigues. Mesmo se houver condições de os moradores voltarem, vou sugerir que isso não aconteça.

O caminhoneiro Adão Gomes, que retornou ao distrito e encontrou a casa onde morou durante toda a vida coberta de lama, não sabe o que esperar daqui para frente.

— A gente volta, lembra das coisas. A vida minha toda foi aqui. Não importa onde vai pôr a gente para morar, não importa. Eu gostava era daqui, era o lugar que eu tinha, que construí minha família. Onde consegui ser um homem honesto. E agora não sei para onde vão nos levar, o que vai acontecer.

A Samarco e suas duas controladoras se comprometeram a ajudar a “reconstruir” a área destruída pelos rejeitos. As empresas prometeram criar um fundo de emergência “para os trabalhos de reconstrução e para ajudar as famílias e comunidades afetadas”.

Os empresários não informaram quando esse fundo estará disponível para os moradores, dizendo apenas que “é nossa intenção trabalhar com as autoridades para fazer este fundo funcionar o mais breve possível”.

Na última terça-feira (10), a Samarco também concordou em alugar casas para as 200 famílias desabrigadas e, juntamente com a prefeitura,  está se organizando para ouvir os moradores em relação às moradias. Além disso, a mineradora já mapeou 140 casas que foram classificadas como habitáveis. No entanto, ainda não se sabe quando essas famílias serão levadas às residências provisórias.

Moradia e salário

O Ministério Público de Minas Gerais quer mais. Além de moradia e indenização, o promotor Guilherme de Sá Meneghin, natural de Mariana, cobra uma remuneração mensal para as famílias que perderam tudo. Um documento com “providências imediatas” foi entregue à Samarco, que tem até sexta-feira para se pronunciar sem a intervenção da Justiça.

— Um dos pontos é tentar fazer um cronograma para tirar essas pessoas dos hotéis e já estabelecer uma remuneração básica mensal para cada grupo familiar. A gente não quer que as pessoas vivam de assistencialismo externo. Elas perderam tudo, não têm patrimônio.

Enquanto isso, o aposentado João Leôncio tenta recuperar o pouco que sobrou da residência da família em Bento Rodrigues. Algumas peças de roupa que estavam em um armário foram encontradas. Um envelope com dinheiro, não. Dois cachorros e uma maritaca também estão desaparecidos. Aos prantos, Leôncio nem tenta esconder a tristeza.

— Eu tinha casa aqui há uns 35 anos. Eu construí e morava aqui com minha família. É muita tristeza.

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Fonte: R7

 

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