Falta de jogo de cintura e má gestão econômica ajudam a entender saída da presidente.
Dois senadores que foram a ‘cara do PT’ por muito tempo e fizeram parte do governo petista na Presidência, mas deixaram o partido, irão votar pelo impeachment da presidente Dilma. Marta Suplicy (PMDB-SP) saiu do PT no ano passado, e Cristovam Buarque deixou o PDT este ano, por considerar que o partido tinha se tornado ‘um puxadinho do PT’, legenda que ele deixou há mais de uma dez anos.
Um terceiro ‘petista histórico’, senador Walter Pinheiro (sem partido-BA), também deixou o partido recentemente. Pinheiro, no entanto, não revela o seu voto por defender novas eleições. Ele se diz contra o impeachment, mas não diz se é contra ou a favor o impedimento de Dilma. Deve se abster na votação desta quarta (11).
Após três décadas no partido, a senadora Marta Suplicy começou a se distanciar da legenda quando virou porta-voz do movimento ‘Volta Lula’, às vésperas da eleição em que Dilma sairia vitoriosa para o segundo mandato. Marta defendia que Lula deveria ser o candidato do partido em 2014 e nunca conseguiu esconder o descontentamento com a decisão da legenda de reconduzir Dilma para um segundo mandato. Participou ativamente de ambos os governos, foi ministra do Turismo de Lula e da Cultura de Dilma. Deixou o partido em 2015, filiou-se ao PMDB e passou a defender publicamente o impeachment de Dilma em dezembro do ano passado.
Cristovam Buarque ficou 15 anos no partido e também foi ministro na gestão PT na Presidência, da Educação, até 2003. Saiu há mais tempo do que Marta, mas manteve-se no bloco de apoio a Dilma, no PDT, até este ano, quando partiu definitivamente para a oposição, ao se filiar ao PPS. Ao R7 o senador contou porque deixou o PT após tantos anos:
— Percebi que PT não era mais um partido comprometido com as transformações sociais. Um exemplo são as transformações na educação de base que foram todas abandonadas em 2004. E eu saí porque queria fazer transformações e Lula queria atender aos universitários. O PT passou a ser um partido tradicional, com a única vantagem de ter ampliado políticas sociais iniciados por FHC, juntando tudo no bolsa família. Eu entrei política para fazer transformações. Mas saí mais pela falta de rigor transformador, ainda antes da falta de vergonha que se transformou o partido no mensalão e petrolão.
Buarque se distanciou do partido, mas continuou na base do governo até este ano.
— Fui para o PDT para ser oposição e em 2006 fui candidato à presidência contra o Lula. Mas em 2007, Lula ofereceu ministério para o Lupi. E passou a ser ligado diretamente a ele. Até que eu disse que o PDT passou a ser ‘um puxadinho do PT’. Percebi que a relação estava tão forte que compuseram a chapa para 2018, Ciro com vice do PT. Dilma é o quarto mandato de Lula e ele está preparando o quinto mandato.
O senador explica porque vai voltar pelo impeachment de Dilma:
— O relatório mostrou indícios fortes dos crimes de responsabilidade mas precisamos dar dois passos: transformar em convicção o crime e explicar isso ao povo. Da maneira como está o povo não entende. No caso do Collor ele recebeu um carro Elba, algo concreto e até menor. Cunha recebeu dinheiro numa conta. Mas pedalada o povo não entende exatamente como crime. Precisamos explicar isso.
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Fonte: R7