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Sem procissão com a padroeira, fieis vão às ruas de Belém agradecer a cura da Covid-19 no Círio de Nazaré

Procissão religiosa que atrai 2 milhões de pessoas a Belém foi cancelada por causa da Covid-19. Mesmo assim, ruas ficam cheias de devotos.

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Um Círio diferente, marcado pelo significado da fé, aquela que não se pode ver, mas se pode sentir e que tocou cada devoto de Nossa Senhora de Nazaré neste segundo domingo de outubro (11). Um Círio de agradecimento, principalmente pela saúde, no ano em que a procissão que atrai cerca de 2 milhões de em Belém foi cancelada por causa da pandemia da Covid-19.

Mesmo sem a procissão oficial por recomendação das autoridades de saúde para evitar aglomerações, as ruas da capital paraense foram tomadas pelos devotos. Milhares de pessoas fizeram o trajeto que normalmente é realizado com a Imagem Peregrina da padroeira.

“Eu sobrevivi ao Covid-19 graças a ti, Mãe”, diz a placa de agradecimento da autônoma Gisele Lucena.

Gisele é uma das pessoas que foi às ruas no Círio 2020. Além da placa, Gisele carregou um pulmão em cera para agradecer pela recuperação da Covid-19.

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“A minha vitória foi carregada de muita fé. Passei sete dias em casa, zero ar, não conseguia respirar. Fui internada no Porto Dias, foi um milagre terem aceitado minha internação. Passei 14 dias internada, muito sofrimento, dias em claro, pedindo com muita fé, que ela concedesse a minha saúde, para que ela me ajudasse a criar as minhas filhas, uma de 9 e outra de 12 anos. Eu me agarrei a ela. Só o fato de estar aqui, pagando minha promessa, sou grata!”, conta Gisele.

A família Almeida improvisou uma corda para agradecer e pedir pela saúde. O grupo, que vai na corda do Círio desde 2004, fez uma procissão particular para que a tradição não fosse perdida neste ano tão difícil em que membros da família foram infectados com o novo coronavírus.

“Eu cheguei a ficar doente, senti falta de ar, dor no peito, febre. Emagreci seis quilos por causa da doença. Foi muito doloroso esse momento, porque tive que ficar longe do meu filho e da minha esposa. Mas graças a Nossa Senhora eu pude me curar”, declarou Márcio Almeida.

Nas ruas, vários grupos de pessoas fizeram seu Círio alternativo, levando para a caminhada de fé berlindas caseiras, cordas, objetos em cera para o pagamento de promessas e, levando no peito o principal sentimento que envolveu a todos: a gratidão.

O enfermeiro Alex Walace Sena, de 34 anos, decidiu fazer uma homenagem a todos os profissionais de saúde que perderam a vida e os que atuaram cuidando dos infectados com o novo coronavírus, assim como ele. Alex saiu do plantão no Pronto Socorro Municipal (PSM) da 14 de Março, em Belém, às 3h da madrugada e seguiu direto para a Catedral de Belém, onde iniciou o pagamento de sua promessa.

Coberto com a roupa de proteção usada pelos profissionais de saúde e de máscara, o enfermeiro fez o trajeto do Círio de Nazaré de joelhos pelas ruas.

Outro devoto que foi as ruas neste Círio de Nazaré foi o administrador Wilson Rodrigues de Oliveira Neto, de 38 anos. Ele teve Covid-19, acreditava que fosse morrer e fez a caminhada de fé neste domingo para agradecer por ter sobrevivido à doença.

“Eu fiz a minha promessa para ninguém da minha família evoluir com a Covid. Fiz por todas as vítimas e em homenagem a todos os profissionais da saúde que combateram de frente toda essa pandemia. Cheguei a ver paciente entrar andando e sair empacotado. Foi uma dor muito grande pra mim”, afirmou o enfermeiro devoto de Nossa Senhora, que teve a doença.

“Eu tive Covid e Nossa Senhora me deu livramento. Eu estava em casa muito debilitado. Os hospitais estavam lotados, tive medo. Disse a ela [Nossa Senhora de Nazaré], que se fosse pra me levar, que me levasse de perto da minha família. Acordava muito ruim, tinham certas horas do dia que atacava muito a tosse, falta de ar, mas eu nunca perdi a fé. Estou agradecendo muito pela minha família, não perdemos ninguém”, lembra o administrador, que atua na Guarda de Nazaré.

Ele afirma que a decisão de não haver procissão foi acertada, porém, conta que precisava viver esse momento.

“Eu entendo e respeito a posição da igreja. Eles estão corretos. Mas a nossa fé é muito maior, está no nosso coração, no nosso sangue. As pessoas não iam deixar de agradecer Maria. Círio sem vir para rua pra mim não seria um Círio completo. Agora estou realizado e cumpri uma missão de mais um Círio”, opinou Wilson.

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