PARAMARIBO – O sonho do Suriname de ver sua seleção nacional de futebol na Copa do Mundo, um desejo alimentado nos últimos anos pela chegada de jogadores surinameses, principalmente da Europa, agora enfrenta sérias dificuldades. A Associação de Futebol do Suriname (SVB) revelou, nesta terça-feira, que enfrenta um grande déficit financeiro, colocando em risco a participação da seleção nas próximas competições internacionais, incluindo as janelas obrigatórias da FIFA.
O presidente da SVB, John Krishnadath, afirmou em uma coletiva de imprensa no edifício Owru Cul que a associação está operando com um orçamento extremamente apertado. Para 2024, a SVB conta com apenas 1,5 milhão de dólares americanos, um valor insuficiente para cobrir os custos de logística e outras despesas essenciais. O principal obstáculo financeiro são os custos elevados com voos charter, que podem variar entre 90.000 e 170.000 dólares por viagem.
“Ainda podemos participar das janelas de março e junho, mas a situação é alarmante”, disse Krishnadath, destacando sua preocupação com o futuro da seleção, especialmente a masculina, que é o principal time da associação. O Suriname está programado para jogar duas partidas contra a Martinica em março, com o objetivo de se classificar para a Copa Ouro. O custo estimado para esses jogos é de 332.585 dólares.
Além dos duelos contra a Martinica, o Suriname enfrentará jogos de qualificação para a Copa do Mundo em junho, contra Porto Rico e El Salvador, que também exigirão um investimento semelhante, de 332.585 dólares. A participação na Copa Ouro, por sua vez, tem um custo adicional de cerca de 184.958 dólares. Embora a SVB ainda consiga cobrir esses custos imediatos, a situação se tornará insustentável após seis meses. Sem a ajuda necessária, a participação do Suriname na qualificação para a Copa do Mundo de 2026, nos EUA, México e Canadá, estará comprometida.
Krishnadath alerta que, se a situação financeira não for resolvida, o Suriname pode não cumprir suas obrigações nas competições internacionais, o que poderia resultar em sanções, como multas. O presidente da SVB, no entanto, prefere não pensar no pior cenário. “Não vamos assumir o pior”, disse ele, embora reconheça que a perda de prestígio para a federação e a seleção seria outra consequência grave. “Não é só um problema da SVB, mas de todo o Suriname.”
A SVB já apelou ao governo surinamês em várias ocasiões, incluindo no mês de dezembro, para incluir os custos da associação no orçamento do Ministério do Desenvolvimento Regional e Esportes (ROS) ou até no orçamento presidencial. Krishnadath também sugeriu que os recursos financeiros provenientes do dividendo do petróleo, que financiam os salários do treinador e do diretor geral da seleção, poderiam ser redirecionados para ajudar a cobrir o déficit da associação.
Na tentativa de economizar, a SVB decidiu não aceitar convites para outros amistosos internacionais, a fim de reduzir custos. Além disso, um pedido foi feito à FIFA para liberar fundos destinados a projetos futuros, com o objetivo de aliviar a pressão financeira. Caso seja atendido, esse recurso poderia reduzir o déficit de 1,5 milhão de dólares em cerca de 900.000 dólares.
Apesar dessas medidas, a associação de futebol ainda espera que o governo do Suriname forneça o apoio necessário para garantir que a seleção nacional continue sua jornada nas competições internacionais. O presidente da SVB espera que o governo se comprometa a cobrir os custos através do orçamento estadual, o que ajudaria a manter a motivação da equipe. “Precisamos garantir aos jogadores que, a curto prazo, os custos serão cobertos pelo Estado”, conclui Krishnadath.