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Presos por garimpo em área indígena de Roraima chegam a 260, diz Funai

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Operação ‘Korekorema II’ desativou garimpo na reserva Yanomami. Rede de garimpo movimentou quase R$ 40 mi em cinco meses, diz órgão.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), cerca de 260 pessoas foram presas e pelo menos 30 balsas foram destruídas durante a operação ‘Korekorema II’, ocorrida em uma reserva indígena no nordeste de Roraima e que contou com o apoio da Polícia Militar. Uma rede de garimpo que, segundo o órgão, movimentou quase R$ 40 milhões nos últimos cinco meses, foi desarticulada. Ainda de acordo com estimativa divulgada pela Funai nessa quarta-feira (3), 80 quilos de ouro foram retirados ilegalmente da região de Waicais, na Terra Índigena Yanomami, durante o período de funcionamento do garimpo.

A área fica a 300 quilômetros de Boa Vista e tinha aproximadamente 500 ‘funcionários’ que atuavam ilegalmente na região. Segundo o coordenador-geral da Frente de Proteção Yanonami e Ye’kuana (FPYY), João Catalano, os garimpeiros retiravam o ouro e enviavam à República Cooperativista da Guiana, Venezuela e à capital de Roraima

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“Depois de chegar a Boa Vista, o ouro era vendido para outras pessoas que, por sua vez, revendem o metal para compradores do eixo Rio de Janeiro e São Paulo”, disse Catalano, reiterando que a prática é ilegal. “O que eles faziam é caracterizado como evasão de divisas e é crime”, destacou.

Segundo ele, o garimpo é mantido por ‘empresários de Roraima’ e existe um ‘verdadeiro esquema de lavagem de dinheiro’ para manter a atividade. “O garimpo na área Yanomami é controlado por diversos empresários que usam aviões e barcos para retirar da terra todo o ouro que os garimpeiros encontram”, descreveu.

O garimpo em Waicais, ainda conforme Catalano, gera diversos malefícios às populações indígenas e pode refletir na qualidade da água do Rio Branco, que abastece todo o estado. A contaminação da água ocorre pelo despejo de metais pesados, combustível e lixo no rio Uraricoera.

Operação
Segundo o comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) da Polícia Militar, com a prisão dos garimpeiros e a destruição das balsas a missão da Korekorema II já está praticamente encerrada. A operação foi iniciada no dia 27 de novembro. “O que falta agora é só terminar de trazer os detidos para a capital”, pontuou.

Sobre o sargento baleado durante um confronto entre garimpeiros e policiais, Arcanjo afirmou que o suposto autor do disparo já foi identificado e será preso em breve. O estado de saúde do policial é estável, mas ele segue internado no Hospital Geral de Roraima.

‘Somos vítimas’
Ao G1, garimpeiros que foram detidos na área indígena disseram que são ‘vítimas do descaso do poder público’ e contestam os dados da Funai. Segundo eles, a região de Waicais é pobre em ouro e eles só ganham o suficente para sobreviver.

“Ganhamos pouco, porque não é toda semana que encontramos ouro. Às vezes conseguimos, mas não é sempre assim”, disse um garimpeiro que preferiu não se identificar.

Ele, que tem 42 anos, disse trabalhar desde os 15 anos com a atividade ilegal. “Estou há sete meses em Waicais e já trabalhei na Colômbia, Venezuela, Suriname, na Guiana Francesa e na República da Guiana”, contou, defendendo que o garimpo em Roraima só é ilegal no papel. “Eles dizem que é ilegal, mas são as próprias autoridades que colaboram e dão emprego para a gente”.

Conforme uma mulher, que disse ser cozinheira em uma das 30 balsas agora desativadas, a comida que alimenta os garimpeiros é comprada em Boa Vista e levada de barco para Waicais. “Nós moramos aqui, mas recebemos assistência de fora e pagamos um aluguel para ficar na região”, afirmou.

Indigenas temem conflitos
O líder indígena e presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, disse temer que o garimpo na área demarcada possa gerar um novo massacre aos nativos. Em entrevista ao G1, ele citou que, se a tensão entre garimpeiros e indígenas aumentar, poderá haver um massacre semelhante ao caso Haximu, que vitimou 12 índios entre os anos 80 e 90.

“São os mesmos invasores que continuam explorando a Terra Yanomami e é por isso que a gente teme um conflito entre indígenas e garimpeiros assim como ocorreu na região de Haximu”, desabafou.

Para Kopenawa, a culpa pela constante exploração garimpeira em área Yanomami está nos governos estadual e federal. “As autoridades não estão com vontade de ajudar os povos indígenas. Eles estão deixando invadir a nossa terra”, afirmou o líder indígena.

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Fonte: G1

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