Caso causou comoção na Argentina pela brutalidade e reacendeu debate sobre violência contra mulher no país; choro do bebê alertou pedestre.
A Justiça argentina condenou o padeiro Gonzalo Martin Lizarralde, de 34 anos, à prisão perpétua pela morte da ex-namorada, Paola Acosta, e por abandonar o bebê de ambos em um bueiro ao lado do corpo da mãe.
Martina, que na época tinha apenas 1 ano e oito meses, foi encontrada na província de Córdoba por moradores que ouviram seu choro. Ela sobreviveu após ser internada com um quadro grave de hipotermia, além de fraturas e infecção decorrente do contato com água poluída.
Pouco mais de um ano após o caso que comoveu os argentinos, um júri popular da província de Córdoba votou por unanimidade pela prisão perpétua de Gonzalo.
Durante o julgamento, ele negou ter matado Paola, que tinha 36 anos, e ter deixado a menina, com ferimentos, no bueiro.
No entanto, o júri entendeu que ele matou a ex-namorada e também o considerou culpado por tentativa de homicídio da filha. A decisão foi anunciada na quarta-feira após quase oito horas de argumentações dos advogados de acusação e de defesa.
Após o veredicto, o pai de Paola, Luis Acosta, disse:”Espero que ele apodreça na prisão. Acho que foi feita justiça pela minha filha, que ela agora descanse em paz e que minha neta Martina possa crescer e caminhar na rua livremente”.
Desde que foi encontrada chorando no bueiro, Martina mora com a família da mãe. Paola tinha outros dois filhos do primeiro casamento, que moravam com ela até a noite em que saiu com a filha para se encontrar com Gonzalo para receber a pensão alimentícia da menina e não voltou mais.
Elas tinham desaparecido no dia 17 de setembro do ano passado e somente no domingo, 21, foram localizadas porque moradores ouviram o choro da criança. Segundo a polícia local, Martina passou mais de oitenta horas naquele local.
Depois de localizada, ela foi hospitalizada e foi internada em terapia intensiva até ter alta 11 dias mais tarde.
De acordo com organizações dedicadas ao assunto, Paola foi a 10ª vítima fatal de violência de gênero na província de Córdoba neste ano.
A presidente da ONG Casa del Encuentro, Ada Rico, que auxilia vítimas deste tipo de violência, disse à BBC Brasil que 1.256 mulheres foram vítimas fatais de violência de gênero entre 2008 e 2013 na Argentina.
“O caso de Paola não foi o pior que já vimos, mas, sem dúvida, o que nos causou a todos uma forte comoção pela crueldade. Crueldade de como ela foi deixada (morta) e de sua filhinha deixada durante horas em um bueiro. Foi crueldade demais”, afirmou Rica.
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Fonte: G1