Os adversários do impopular presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocaram uma paralisação nacional nesta quinta-feira para exigir eleições presidenciais e o abandono de uma Assembleia Constituinte que temem poder consolidar uma ditadura no país.
A oposição quer que os venezuelanos fechem negócios, interrompam o transporte e interditem ruas como parte de uma campanha de desobediência civil, batizada de “hora zero”, para tentar acabar com quase duas décadas do governo do Partido Socialista.
Estudantes e setores do transporte disseram que vão atender à chamada e muitas pequenas empresas prometem permanecer fechadas. Os moradores devem coordenar o bloqueio de ruas e famílias planejavam manter as crianças em casa em caso de problemas.
“Não tenho dúvidas de que os venezuelanos paralisarão a nação em rebelião”, afirmou o deputado e ativista Juan Requesens à Reuters sobre a greve planejada por 24 horas a partir das 6h (horário local) em todo o país produtor de petróleo.
“A ditadura quer impor uma Assembleia Constituinte ilegal à força para se perpetuar no poder”, acrescentou Requesens sobre o plano do governo para eleger em 30 de julho um corpo legislativo que poderia reescrever a constituição.
Patrões em empresas estatais –incluindo a empresa petrolífera PDVSA, que traz 95 por cento da receita de exportação da Venezuela– determinaram que quase 3 milhões de funcionários públicos ignorassem a greve. Não é esperada uma interrupção do setor do petróleo.
Com muitas lojas e fábricas já fechadas na Venezuela em meio à crise econômica, mesmo uma greve de sucesso teria um impacto financeiro limitado.
“A maioria dos venezuelanos quer trabalhar”, disse o filho de Maduro, também chamado de Nicolás e candidato à Assembleia Constituinte, à rádio local. “Tenho certeza de que vai fracassar”.
Uma ação semelhante da oposição no ano passado teve uma resposta tímida em meio às ameaças do governo de ocupar qualquer empresa fechada. Mas os críticos de Maduro ganharam impulso desde então.
Os manifestantes contra o governo estão nas ruas há quase quatro meses, e Maduro enfrenta pressão internacional generalizada para abortar a Assembleia Constituinte que as autoridades dizem irá substituir a atual legislatura liderada pela oposição.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abordou a crise nesta semana, ameaçando sanções econômicas se a proposta da assembleia seguir em frente. A oposição está boicotando a votação de 30 de julho, que tem regras complicadas aparentemente destinadas a garantir uma maioria do governo, apesar do apoio popular minoritário.
Fonte: R7