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“Nenhuma nacionalidade deve ser responsabilizada pela disseminação da pandemia no Suriname”, diz Laudemar Aguiar, embaixador do Brasil em Paramaribo

Confira a íntegra da entrevista concedida ao LPM News.

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Nem brasileiros e nenhuma outra nacionalidade é responsável pela disseminação da Covid-19 no Suriname. Foi o que disse na noite desta quarta-feira, dia 17, em entrevista exclusiva ao LPM News, o embaixador Laudemar Aguiar. Ainda segundo ele, dos mais de 260 casos confirmados do vírus, pelo menos 80% são de nativos.

“É preciso ressaltar que essa afirmação foi apenas de um representante do governo. Prefiro ficar com a declaração da Secretaria do Ministério da Saúde de que nenhuma nacionalidade deve ser responsabilizada pela disseminação da pandemia. Mais de 80% dos casos positivos são de surinameses. Portanto, a comunidade brasileira não é responsável pelo recente aumento”, disse.

Ainda de acordo com o embaixador do Brasil em Paramaribo, o avanço da doença no Suriname aconteceu em diferentes regiões e distritos. “Por surinameses residentes no país ou vindos da Guiana Francesa, por estrangeiros de diferentes nacionalidades residentes ou que ingressaram de diferentes formas no país”, completou.

Sobre o brasileiro que perdeu a batalha para o vírus, o embaixador não revelou maiores detalhes sobre sua situação migratória. “Não cabe a embaixada diferenciar os brasileiros que aqui vivem, ou estão de passagem, de acordo com sua situação migratória. Tratamos a todos da mesma maneira e com o mesmo respeito. E buscamos auxiliar onde possível em cada caso”, explicou.

Já o Ministério da Saúde, também com exclusividade ao LPM na última quarta-feira, dia 17, confirmou a situação irregular da vítima. Segundo o órgão, o brasileiro residia no Suriname há muito anos, porém, não possuía documentação válida de residente no país e, nesse caso, configura como “cidadão ilegal”.

Laudemar, no entanto, ressalta as consequências de permanecer irregular em outro país: “embora todos os estrangeiros que se encontram num outro país em situação irregular saibam das consequências que devem enfrentar, a Embaixada do Brasil, trata a todos de maneira igual. Seguimos a politica de assistência do Itamaraty para todos os brasileiros no exterior”, assegurou.

Confira a íntegra da entrevista com Laudemar Aguiar.

LPM News: o governo do Suriname anunciou que os casos de Covid-19 no país foram “reativados” após a prisão de um brasileiro ilegal na costa do país. O que o senhor poderia falar sobre isso?

Laudemar Aguiar: “em primeiro lugar, é preciso ressaltar que essa afirmação foi apenas de um representante do governo do Suriname no âmbito de uma apresentação sobre a Covid-19 no país. Prefiro ficar com a declaração da Secretaria Permanente do Ministério da Saúde de que nenhuma nacionalidade deve ser responsabilizada pela disseminação da pandemia no Suriname e que todos que aqui residem devem colaborar, trabalhar juntos e seguir as medidas de prevenção para combater a disseminação da Covid-19 no país. O próprio Ministério da Saúde do Suriname informou que mais de 80% dos casos positivos são de surinameses. Portanto, a comunidade brasileira não é, de nenhuma maneira, responsável pelo recente aumento exponencial dos casos de Covid-19 no Suriname”.

LPM News: teria sido uma coincidência em sua opinião? Por quê?

Laudemar: “não se trata de coincidência ou não. O aumento dos casos positivos de Covid-19 se dá em diferentes regiões e distritos do Suriname: por surinameses residentes no país ou vindos da Guiana francesa, por estrangeiros de diferentes nacionalidades residentes ou que ingressaram de diferentes formas no país. Há, talvez, apenas uma coincidência entre esses casos: a falta de seguir as medidas de prevenção e as orientações do governo, da OPAs e da OMS, que recomendam evitar a circulação, manter o distanciamento social, usar mascaras ao sair de casa e higienizar com frequência as mãos. Além disso, algumas pessoas, mesmo sintomáticas, demoram a entrar em contato com o BOG e informar de seu estado. Ao agirem dessa forma estão aumentando as possibilidades de contato com terceiras pessoas e as contaminando”.

LPM News: sobre o quarto óbito por Covid-19 no Suriname, o que senhor tem conhecimento? Ele estava ilegal?

Laudemar: como Embaixada, não nos cabe diferenciar os brasileiros que aqui vivem ou estão de passagem de acordo com sua situação migratória. Tratamos a todos da mesma maneira e com o mesmo respeito. E buscamos auxiliar onde possível em cada caso. Embora todos os estrangeiros que se encontram num outro país em situação irregular saibam das consequências que devem enfrentar, a Embaixada do Brasil, repito, trata a todos de maneira igual. Seguimos fielmente a politica de assistência consular do Itamaraty para todos os brasileiros no exterior.

LPM News: de que forma a Embaixada está apoiando os brasileiros no combate a Covid-19?

Laudemar: a Embaixada e o governo brasileiro historicamente mantém uma grande cooperação com o Ministério da Saúde e com o Governo do Suriname no combate a diferentes enfermidades, de malária a HIV/Aids, de Leishmaniose a tuberculose e doença de chagas, entre outras. Desde o inicio da pandemia, temos trabalhado junto com o Ministério da Saúde, o BOG e a TropClinic, além da OPAS – Organização Pan-americana de Saúde, para divulgar as medidas de prevenção para a comunidade brasileira. Temos traduzido documentos e informações para o português, adicionamos números de telefone e celular do setor consular para atender brasileiros que não falem holandês ou sranantongo para mediar os contatos com o BOG e para fornecer esclarecimentos e tirar duvidas; colaboramos também com a própria radio LPM levando autoridades de saúde e médicos para participarem de programas voltados à comunidade brasileira e também atuamos diplomaticamente junto a diferentes instâncias do governo para viabilizar a realização de voos de repatriação ao Brasil e para facilitar o deslocamento de brasileiros do interior a Paramaribo e até o aeroporto, que tem que passar por checkpoints policiais durante o lockdown. Também auxiliamos no check-in e embarque dos passageiros e, inclusive, por meio de contato com autoridades federais, como a Delegacia de Imigração do Pará, buscar facilitar as conexões e deslocamentos dos brasileiros que desembarcam em Belém e que tem como destino final outros estados do Brasil. Finalmente, apesar do lockdown e das medidas restritivas, o setor consular da Embaixada, seguindo todas as normas de prevenção, continua a funcionar em regime de plantão e a atender casos urgentes e emergenciais, confeccionando documentos aos que necessitam, em particular novos passaportes e autorizações de retorno ao Brasil para poderem embarcar nos voos de repatriação.

Foto: Arquivo LPM News

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