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Não posso mudar de opinião só para conquistar eleitores de Lula, diz Marina Silva

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Em sua terceira disputa presidencial, candidata da Rede diz que não pretende privatizar Petrobras e bancos públicos e que fará reforma da previdência no início de seu governo.

As vésperas de concorrer pela terceira vez ao posto de presidente da República, Marina Silva, da Rede, desponta com 15% das intenções de voto em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com a mais recente pesquisa Datafolha.

Marina estaria atrás apenas de Jair Bolsonaro, do PSL, que registra 19% das preferências. Marina, Bolsonaro e os demais candidatos deverão disputar os cerca de 30% de eleitores que ficarão sem candidato caso o rosto de Lula não figure na urna eletrônica em outubro.

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Marina apoiou o tucano Aécio Neves na disputa presidencial de 2014, foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e tem se mostrado entusiasta da Operação Lava Jato, o que pode dificultar sua aproximação em relação ao público órfão de Lula, condenado e preso no âmbito das investigações. “Não posso mudar de opinião de forma oportunista só para conquistar os votos daqueles que manifestem a intenção de votar nesse ou naquele candidato”, diz Marina.

Apesar dos bons números que apresenta nas pesquisas, a julgar pelos recursos, Marina terá pela frente a campanha mais difícil entre suas três tentativas de chegar ao Planalto. Se em 2010 obteve quase um minuto e meio de TV e, em 2014, contava com dois minutos e 20 segundos de propaganda televisiva, agora terá meros 8 segundos para falar diariamente ao eleitor.

Pelas negociações de coligação em curso, a ex-senadora pelo Acre terá que contar apenas com a estrutura da sua recém-criada Rede. O PSB, partido pelo qual ela concorreu no último pleito, faz acenos em direção a seu oponente Ciro Gomes (PDT). “Se hoje o PSB tem um entendimento de que não quer caminhar conosco, eu respeito a decisão deles”, diz Marina.

Sobre afirmações recentes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que seu nome não pode ser descartado como opção para o centro político, Marina diz que ele “não encontra eco dentro da estrutura do PSDB” e aproveita para alfinetar tucanos e petistas, acusados por ela de não fazer autocrítica. Mas garante que não terá “preconceito” com lideranças partidárias se vencer a disputa e compara seu futuro esforço de compor uma base governista no Congresso ao da chanceler alemã Angela Merkel, que levou seis meses para obter uma coalizão no Parlamento em 2018.

Auxiliada por dois economistas de inspiração liberal – André Lara Resende e Eduardo Giannetti – ela afirma que não privatizará nem a Petrobras, nem os bancos públicos. Promete rever a reforma trabalhista e alterar os parâmetros do teto de gastos aprovado por Michel Temer.

A reforma da Previdência sairia no começo de seu governo, defende. Em entrevista à BBC News Brasil, diz ser contra a legalização do aborto e a descriminalização das drogas. E favorável à intervenção do Exército na segurança pública do Rio de Janeiro. “Desconheço qualquer um que defenda que o Rio deveria ficar entregue à sua própria sorte”.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista.

BBC News Brasil – Em 2017, seu assessor econômico, Eduardo Giannetti, disse que a senhora “precisa decidir se é uma líder de movimento ou é uma candidata a chefe do Executivo”. Como vê essa crítica?

Marina Silva – Primeiro, eu não entendi como uma crítica, entendi como um elogio, porque quando ele falou em ser líder de movimento ele fez referência a duas grandes figuras que me são muito caras, que é o (indiano pacifista Mahatma) Gandhi e o (líder negro americano) Martin Luther King, então eu entendi como um elogio, porque essas figuras para mim estão no topo da montanha.

E eu acho que esse é um momento em que a política está passando por uma profunda crise e uma profunda transformação no mundo, ainda que não seja tão perceptível assim. Cada vez mais você vai ter que pensar a política como parte da própria dinâmica social, onde você pode intercalar o papel de uma liderança política e o de uma liderança social.

BBC News Brasil – Não há uma contradição entre uma coisa e outra?

Marina – No meu entendimento não. Eu não quero confinar a minha militância e o meu ativismo socioambiental para poder ser política. Não tenho que confinar meu compromisso com a luta pela educação, pelos direitos humanos, pela causa indígena, para poder ser política.

Eu posso tratar dos temas de interesse do conjunto da sociedade brasileira e eles não são incompatíveis. Aliás, ter essa integração com a sociedade é o desafio do século 21.

BBC News Brasil – Do ponto de vista prático, pensando em como o Congresso tem funcionado, imaginando que para que ele funcione de outra forma seria preciso uma reforma política, a ser aprovada pelo mesmo Congresso, como a senhora imagina governar tendo uma bancada que hoje é de dois deputados?

Marina – Os governos que têm 200, 300, 400 deputados estão governando? A Dilma tinha mais de 300 deputados e não governou. O Temer tem praticamente a mesma coisa e quem é que disse que ele está governando o Brasil?

Não é a quantidade de deputados do partido, é a quantidade de deputados do Congresso que têm compromisso com o país para resolver os graves problemas que estamos enfrentando na saúde, na educação, na segurança pública que está um caos com o aumento exacerbado da violência, em vários Estados fora de controle, como resolver o problema de um país que até ontem tinha pleno emprego e agora temos quase 25 milhões de pessoas vivendo em situação de penúria.

Quem tiver compromisso com um programa para tirar o país dessa situação difícil, com certeza, a partir do compromisso firmado entre essas pessoas do Parlamento e o governo, nós faremos completamente diferente. A Angela Merkel, na Alemanha, ficou quase seis meses tentando montar sua base de apoio. E ela fez isso com um contrato de governo, não foi distribuindo diretorias de empresas estatais ou oferecendo qualquer tipo de vantagens ilícitas para os partidos, as lideranças políticas ou as empresas.

A Itália, que entrou também em uma situação difícil entra a Liga (Norte, populistas de extrema-direita) e o Movimento Cinco estrelas (partido antiestablishment), ficaram também negociando quase cinco meses e vão agora fazer um contrato de governo.

Nós temos que sair do velho e degradado presidencialismo de coalizão, com base em atitudes fisiológicas, para o presidencialismo de proposição, onde a maioria do Congresso e a composição do governo se dá pelo compromisso com o programa. E o programa será legitimado e chancelado pela sociedade e é preciso que o Brasil tenha que entender que estamos no fundo do poço e não podemos ir para um poço sem fundo.

Fonte: Terra

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