Pela primeira vez eleitores americanos poderão votar em um prefeito brasileiro. Em Framingham, que terá sua primeira eleição à Prefeitura nesta terça-feira (26), após ganhar um status de cidade neste ano, a brasileira Priscila Sousa, 29 anos, será um dos sete nomes presentes na cédula. No primeiro turno, que ocorre nesta terça-feira, apenas dois serão selecionados para seguir na disputa. O segundo turno será em 7 de novembro.
Sousa chegou aos EUA com sete anos, junto com a família. Só ganharia seu “green card” em 2004, aos 16 anos. Depois disso cursou Ciência Política no Simmons College, em Boston, e percebeu que era a carreira política que queria trilhar.
Ela é candidata em uma das cidades com maior percentual de brasileiros nos Estados Unidos –cerca de 1.100 dos 43 mil eleitores vieram do Brasil. Segundo o censo de 2010, a cidade no Estado de Massachusetts tem 68 mil habitantes.
“Quero representar os brasileiros, mas não só. Quero fazer uma gestão que olhe para todos aqueles que não se sentem representados em Framingham hoje”, disse Sousa à Folha, por telefone, enquanto percorria bairros do sul da cidade à véspera da votação.
Em 2012, a brasileira trabalhou na campanha de Barack Obama. Antes disso, assessorou uma deputada estadual. Registrada como democrata, ela não terá o partido designado na cédula, como nenhum de seus concorrentes.
“O ativismo através do cargo político nunca foi estranho pra mim”, disse a brasileira, ao lembrar que a avó concorreu a vereadora em Ipatinga, Minas Gerais, quando ela era criança. “Quando cheguei nos EUA, me interessei pela história americana, e isso foi se desenvolvendo num interesse em saber como as coisas funcionavam.” Com a família, que teve por muitos anos uma empresa de limpeza, Sousa trabalhou de faxineira na cidade.
Sousa diz não saber se a origem brasileira irá contribuir ou atrapalhar na hora da votação. “Vamos ver o tamanho da rejeição amanhã. De forma geral, Framingham é muito cabeça aberta”, diz.
O fato de ser jovem e mulher, afirma, pode atrapalhar mais: “Você pode ser jovem e pode ser mulher, mas não pode ser jovem e mulher”. Ela, contudo, diz que pretende “abrir caminho” para a candidatura de outros brasileiros no futuro. “Esse também é um sentido que quero dar a esse momento.”
Fonte: G1