GEORGETOWN – A Guiana refutou as alegações da Venezuela de que os Estados Unidos estão planejando implantar uma base militar no país sul-americano. O procurador-geral guianense, Anil Nandlall, afirmou que não há planos para tal reforço e que a Guiana não formalizou nenhum pedido nesse sentido.
A controvérsia surgiu após a visita do vice-secretário adjunto de Defesa americano para o Hemisfério Ocidental, Daniel Erikson, que expressou o compromisso dos Estados Unidos em desenvolver as capacidades do Exército guianense. Essa iniciativa ocorre em meio à tensão provocada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro, que reivindica o território guianense de Essequibo.
O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, afirmou que os americanos não buscaram estabelecer uma base militar no país. Autoridades guianenses, incluindo Jagdeo e Nandlall, têm buscado moderação na relação com a Venezuela.
O presidente guianense, Irfaan Ali, esclareceu que a Guiana não tem intenção de realizar ações ofensivas contra a Venezuela, mas expressou o interesse em desenvolver as capacidades defensivas do país. A região de Essequibo, alvo da disputa, é conhecida por sua riqueza em petróleo e minerais.
Em dezembro, a Venezuela aprovou a anexação de 74% do território guianense, uma decisão que intensificou a disputa de mais de 100 anos, atualmente sob julgamento da Corte Internacional de Justiça (CIJ).
Apesar de um compromisso anterior entre Venezuela e Guiana de não usar a força na disputa territorial, a situação se tornou mais instável recentemente. O envio de um navio pelo Reino Unido à Guiana foi interpretado por Maduro como uma provocação, levando-o a mobilizar 5,6 mil militares para a fronteira com o vizinho.
Nandlall afirmou que Maduro continua convencido de que a Guiana poderia abrigar uma base militar dos EUA, apesar das negativas oficiais. O procurador-geral destacou que a Guiana busca a cooperação com seus aliados na defesa da integridade territorial e soberania, sem intenção de se envolver em ações ofensivas.
A Venezuela pediu que a Guiana evite envolver potências militares na controvérsia territorial. Caso Maduro decida invadir a Guiana por terra, o exército venezuelano precisaria passar pelo território brasileiro. O Brasil defende uma solução pacífica para a disputa, reforçou sua fronteira e deve sediar uma nova reunião entre Maduro e Ali em até três meses.