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Guiana enfrenta dilema entre riqueza petrolífera e mudanças climáticas globais

A bonança do petróleo transformou a economia da Guiana, com uma taxa de crescimento de 62% no ano passado, a mais rápida em qualquer lugar do mundo.

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GEORGETOWN – A Guiana encontra-se diante de um dilema complexo enquanto lida com a recente descoberta de vastas reservas de petróleo e gás em suas águas costeiras. O presidente, Irfaan Ali, expressou suas preocupações em relação ao “tempo não estar a nosso favor” em meio aos esforços globais para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e enfrentar as mudanças climáticas.

Riqueza Petrolífera e Desafios Ambientais

Nos últimos dez anos, a Guiana fez descobertas significativas de petróleo e gás, acumulando reservas estimadas em cerca de 11 bilhões de barris. No entanto, essas descobertas coincidem com um momento crucial em que a comunidade internacional, por meio do Acordo de Paris de 2015, comprometeu-se a zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o que implica uma redução no consumo de petróleo.

Foto: TV Brasil

O presidente Ali observou que mesmo que as metas de zero emissões fossem cumpridas globalmente, o mundo ainda dependeria fortemente dos combustíveis fósseis após 2050. Isso coloca a Guiana em um grupo de países com grande potencial petrolífero, incluindo Noruega, Brasil e Argélia.

Compromisso Contratual e Disputa Territorial

O presidente Ali reiterou o compromisso de seu governo em respeitar os contratos firmados com a Exxon, apesar de algumas críticas sobre a generosidade desses acordos. Ele destacou a importância de cumprir esses contratos e não renegociá-los.

Além disso, a Guiana está envolvida em uma longa disputa territorial com a Venezuela, que reivindica dois terços do território guianense. Essa disputa, iniciada no final do século XIX, está atualmente sendo tratada pelo Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), com o presidente Ali expressando confiança na posição de seu país.

Cenário Energético Global e Questões de Colonialismo Energético

O presidente Ali enfatizou que, enquanto 53% do mix energético global ainda depende do petróleo e do gás, é irrealista esperar um fim a curto prazo para esses recursos. Ele levantou questões sobre como será determinada a produção desses 40% em um cenário futuro, destacando preocupações sobre um possível “colonialismo energético”.

Transformação Econômica da Guiana

A bonança do petróleo transformou a economia da Guiana, com uma taxa de crescimento de 62% no ano passado, a mais rápida em qualquer lugar do mundo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento adicional de 37% este ano. No entanto, a maioria da população guianense é relativamente pequena em relação ao tamanho do país, com cerca de 800 mil habitantes, tornando a riqueza resultante da indústria petrolífera um recurso valioso a ser gerenciado com responsabilidade.

Em 2015, quando a Exxon fez sua primeira descoberta nas águas da Guiana, o produto interno bruto per capita era de $11.000 dólares. Este ano, o FMI prevê que esse valor ultrapassará $60.000 dólares, demonstrando o enorme potencial de crescimento econômico per capita.

A Guiana enfrenta, assim, um desafio significativo ao equilibrar a exploração de suas riquezas petrolíferas com os compromissos globais de combate às mudanças climáticas. A decisão sobre como navegar por esse cenário complexo terá implicações profundas para o país e para o mundo, enquanto a busca por soluções sustentáveis continua.

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