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Guiana: Como foi ação contra garimpo que levou à morte de policial francês; veja prisão de suspeito brasileiro

Arnaud Blanc foi homenageado pelo presidente da França Emmanuel Macron no final de março

Atualizado há

Um brasileiro, de 20 anos, foi detido no último sábado na Guiana Francesa suspeito de matar o policial francês Arnaud Blanc no final de março. Considerado um policial de elite, membro de um grupo especializado em operações de risco, Blanc foi morto em meio a uma ação contra o garimpo ilegal na florestas do departamento francês. A atividade no país é praticada quase que exclusivamente por brasileiros, que chegam a ser 90% da mão de obra nos garimpos, segundo as autoridades francesas.

Pai de dois filhos, Blanc pertencia ao Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional (GIGN). Ele se deslocou com outros nove colegas de helicóptero saindo de Caiena para uma ação na região da jazida de Dorlin, onde havia sido localizado um garimpo ilegal, nas proximidades do município de Maripasoula, no centro do território francês.

Em um discurso feito durante uma homenagem ao policial morto, no dia 31 de março, o presidente francês Emmanuel Macron descreveu como foi a ação dos agentes. No dia 22 de março, os dez policiais foram deixados na mata amazônica pela aeronave.

“Seu objetivo: desmantelar um desses campos ilegais de extração de ouro, onde não apenas o ouro é contrabandeado, mas também drogas, remédios, armas e até humanos. Mulheres prostituídas, crianças escravizadas, migrantes ilegais cujos infortúnios são explorados por ameaças e chantagens, mercúrio despejado em nossos rios saqueados e poluídos”, disse Macron.

Foto: Forças Armadas da Guiana

A equipe de Blanc foi deixada a quilômetros de distância do garimpo alvo da operação. Com isso, pretendiam evitar chamar atenção dos garimpeiros e chegar ao local discretamente. Foram dois dias de caminhada até os dez policiais montarem acampamento na noite de sexta-feira, em um ponto a cerca de um quilômetro de distância.

Os policiais levataram na madrugada, pouco após a meia noite, e percorreram a distância com óculos de visão noturna. “Ao amanhecer, eles se aproximam das habitações. Arnaud Blanc está na liderança, tendo acabado de ser promovido a líder do grupo três semanas antes. Dois a dois, eles protegem com segurança a primeira barraca. Na segunda, parece haver apenas uma mulher dormindo em uma rede”, disse o presidente francês durante a homenagem.

Nesse instante, dois garimpeiros começaram a atirar contra os franceses. Blanc, assim como seus colegas, revida até terminar com o cartucho da arma. Ele acaba baleado duas vezes e cai no chão. Os policiais tentam evacuar Blanc, mas ele não resiste aos ferimentos e morre no local, por volta das 5h20.

Brasileiros preso

Nove dias após o discurso de Macron em homenagem ao policial morto, um suspeito de cometer o crime foi detido pelas autoridades brasileiras. Identificado apenas como um homem de 20 anos, o brasileiro foi encontrado na mesma região de Dorlin. Segundo o Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional (GIGN), o homem foi detido em meio a floresta do departamento francês após anunciar que iria se entregar.

As investigações das autoridades francesas apontam que o suspeito fazia parte de um grupo que assaltava garimpos ilegais. O brasileiro deverá se apresentar a um juiz de custódia e ser submetido à prisão nas próximas horas.

Desde a morte de Blanc, mais de 500 policiais foram acionados para investigar e encontrar os envolvidos em sua morte. O garimpo onde a troca de tiros ocorreu foi tomado no mesmo dia do assassinato do policial pelas autoridades francesas, mas os criminosos já haviam deixado a área.

“É com pesar no coração que a nação se curva diante dessa magnífica vida interrompida após 35 anos, quando o amanhecer mal empalidecia os céus da Guiana”, disse o presidente francês Emmanuel Macron, ao prestar suas homenagens a Blanc.

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