GEORGETOWN – Desde a descoberta de vastas reservas de petróleo em 2015, a Guiana se tornou uma das economias de crescimento mais acelerado da América do Sul. Com estimativas de até 11 bilhões de barris de petróleo a serem extraídos, o país está em uma trajetória de transformação econômica impressionante.
De acordo com dados do FMI e do Banco Mundial, a renda nacional bruta da Guiana deve saltar de 4,62 bilhões de euros em 2019 para 29,3 bilhões de euros em 2029. Diletta Doretti, representante do Banco Mundial para a Guiana e o Suriname, descreveu a situação como um “prêmio de loteria” para a nação, que faz fronteira com a Venezuela, Brasil e Suriname.
No entanto, o crescimento vertiginoso trouxe à tona um desafio significativo: a falta de mão de obra qualificada. Canteiros de obras e projetos de infraestrutura proliferam na capital, Georgetown, mas a escassez de trabalhadores capacitados ameaça desacelerar o progresso.
Em resposta, o governo da Guiana lançou um programa de remigração com o objetivo de trazer de volta cidadãos que deixaram o país em busca de melhores oportunidades. Antes do boom do petróleo, muitos guianenses, especialmente os jovens, emigraram devido à falta de perspectivas. Agora, cerca de 50 mil migrantes retornaram desde 2015, de acordo com o portal local Newsroom.
“Não só envie dinheiro para casa, volte e invista”, apelou o ministro das Relações Exteriores da Guiana durante uma visita ao Canadá, evidenciando a necessidade de reintegrar esses cidadãos à economia local. Nos últimos dois anos, mais 32 mil guianenses voltaram, um aumento significativo para uma população de pouco mais de 800 mil.
O governo também implementou isenções fiscais para profissionais qualificados que retornam, facilitando a reintegração e incentivando o investimento no país. “Estamos comprometidos com o desenvolvimento econômico sustentável e cientes do potencial da diáspora para apoiar esse processo”, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
Contudo, a Guiana enfrenta um desafio adicional: as reivindicações territoriais da Venezuela, que aumentaram desde as descobertas de petróleo. O regime de Nicolás Maduro tem pressionado por grandes áreas do país, complicando ainda mais o cenário de segurança e estabilidade na região.