É uma missão impossível saber o número exato de pessoas mortas durante a guerra na Síria, que já dura sete anos.
Entre jogos políticos e instituições não confiáveis, as estimativas sobre os mortos divulgadas publicamente divergem em grande escala. O Centro Sírio para Pesquisa Política divulgou no final do ano passado, que pelo menos 470 mil sírios morreram em decorrência dos confrontos entre forças de oposição e governamentais espalhados por todo o país. O número é muito acima dos 350 mil mortos apresentado nesta segunda-feira (12) pelo Observatório Sírio do Direitos Humanos (ODSH). A organização
“No total, 353.935 pessoas morreram desde 15 de março de 2011”, afirmou a organização, que tem uma ampla rede de fontes na Síria. Entre as vítimas estão 106.390 civis, incluindo 19.811 crianças, indicou o OSDH.
CRIANÇAS
O número de crianças entre os mortos é cada vez maior, lamentou nesta segunda-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Em 2017, a violência cega e extrema matou o maior número de crianças visto até agora, 50% a mais que em 2016”, afirmou o organismo em um relatório, no qual assinala que o ano de 2018 se anuncia ainda mais sombrio.
Mais de 200 crianças morreram nos bombardeios do regime sírio e as forças aliadas contra o reduto rebelde de Ghuta Oriental desde fevereiro, segundo Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), o que representa cerca de 20% das vítimas desta ofensiva.
O Unicef cita, em seu relatório, um menino do sul da Síria que atualmente está refugiado na Jordânia.
“Saí para brincar na neve com meus primos. Caiu uma bomba. Vi as mãos do meu primo voarem diante de mim. Perdi minhas pernas”, conta o menor.
As crianças que ficam com deficiências físicas “enfrentam o risco muito real de serem esquecidos e estigmatizados enquanto o conflito continua”, destaca o diretor regional da Unicef, Geert Cappelaere.
Segundo a Unicef, cerca de 3,3 milhões de crianças estão expostas aos dispositivos explosivos por todo o país, e dezenas de escolas se viram golpeadas em 2017.
INTERESSES OBSCUROS
A guerra na Síria é um efeito do confronto de potências pelo controle geopolítico da região. Vários países estão envolvidos nesta guerra, influenciados principalmente por Estados Unidos e Rússia, que jogam duro pelo controle da estratégica região. O governo de Bashar Al Assad sempre foi um aliado importante para a Rússia, enquanto que os Estados Unidos possuem planos de investimentos no setor petrolífero que necessariamente precisam passar pelo território sírio.
Ambas as potências já foram acusadas durante o conflito de estarem a frente de ataques com armas químicas que mataram milhares de pessoas.
(Fonte: AFP)