Delegada diz que depoimento da menina não muda a linha de investigação. ‘Tenho que parar de beber’, disse garota; suspeitos serão intimados a depor.
A menina de 13 anos encontrada desacordada na RR-205 na terça-feira (28), em Boa Vista, negou ter sido vítima de estupro em depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira.
Ela disse ainda não ter feito sexo com nenhum dos adolescentes suspeitos de participar do estupro coletivo do qual teria sido vítima.
A menina foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para fazer exame de corpo de delito, e o resultado deve sair em 30 dias. A delegada-geral do estado, Haydèe Magalhães, disse que, mesmo com o depoimento da garota, a linha de investigação da Polícia Civil não vai mudar.
A jovem foi socorrida por policiais militares que disseram que ela aparentava embriaguez e que teria sido vítima de um estupro coletivo em um açude desativado do bairro Cidade Satélite, na Zona Oeste de Boa Vista.
Os policiais foram ao local, onde encontraram dois suspeitos, de 15 e 17 anos, que foram apreendidos. Segundo a delegada Eliane Gonçalves, responsável pela investigação, o mais jovem admitiu a participação no estupro com mais três adolescentes. Ela afirmou que a vítima teria sido abusada por mais de duas horas.
O jovem de 17 negou participação no crime. Após depoimento, os dois foram liberados. Até o momento, apenas dois dos quatro suspeitos foram identificados e ninguém está preso.
Versão
Logo após a menina receber alta e deixar o Hospital Geral de Roraima, ela e a mãe prestaram depoimento na Delegacia da Infância e Juventude (DDIJ).
Depois de falar com a polícia, a garota disse aoG1 que havia saído com nove amigos, sendo quatro meninas e cinco meninos, na tarde de terça. Todos eles foram para um sítio na região rural da capital.
“Não aconteceu nada. Caí na estrada porque bebi muito e só perdi a consciência naquela hora”, disse a jovem, afirmando que só consumiu bebida alcoólica. “Comecei a beber neste ano e depois de tudo aprendi que tenho que parar de beber.”
A delegada-geral disse que a menina admitiu em depoimento que tinha bebido, mas negou ter perdido a consciência. A garota contou, segundo Haydèe, que todos que estavam na ‘festa’ no açude haviam consumido maconha e bebido cachaça.
“A vítima contou que eles estavam todos festejando e que não houve sexo entre eles”, disse Haydèe em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta.
Linha de investigação
Segundo a delegada-geral, o fato da menina ter negado o ato não muda a “linha de investigação da Polícia Civil”. “Faz alguma diferença, sim, mas a questão de negar não influencia no caso. Ela pode ter tido uma recaída moral e estar mentindo. Então, só as investigações vão poder comprovar o que de fato aconteceu”, disse.
No depoimento, a garota disse que chegou acompanhada dos garotos ao açude. Segundo ela, todos tinham se encontrado em uma parada de ônibus próxima e seguiram a pé, com uma garrafa de cachaça, para o local onde teria ocorrido o estupro.
Segundo Haydèe, a polícia também vai tentar localizar quem vendeu a bebida para os adolescentes.
Desmaio
Sobre ter sido achada desacordada na RR-205, a garota disse que havia desmaiado na rodovia porque estava com fortes dores de cabeça.
“Ela disse que foi até lá caminhando e completamente consciente. No entanto, acabou desmaiando e disse ter ficado surpresa porque foi abandonada pelos adolescentes, que eram conhecidos dela”, afirmou Haydèe.
A menina contou que estava há quatro dias morando na casa de uma amiga, porque tinha deixado de viver com a mãe. Era a segunda vez que ela saía de casa.
A delegada informou que os familiares não registraram Boletim de Ocorrência para relatar o sumiço da garota e, por isso, a polícia também vai investigar se houve negligência por parte da família.
A delegada-geral explicou que os dois adolescentes apreendidos nesta terça no açude não foram recolhidos por falta de provas “contundentes” contra eles. No entanto, todos os cinco envolvidos no caso ainda vão ser intimados para comparecer à delegacia e devem responder pelo ato.
‘Estava preocupada’, diz mãe
À reportagem, a mãe da menina afirmou que não via a filha desde sábado (25) quando a garota saiu de casa sem avisar para onde ia. Ela só reencontrou a menina na manhã desta quarta e não quis comentar sobre o suposto estupro.
“Fiquei muito preocupada. Chorei quatro dias e fiquei quatro noites sem dormir. Faz dois dias que não como. Mas hoje estou bem, graças a Deus”, disse.
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Fonte: G1