A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou quatro casos de pessoas infectadas com o sorotipo 3 da dengue no Brasil, após mais de 15 anos sem epidemia da cepa no país.
De acordo com o estudo, todos os casos foram registrados em 2023. Um deles foi registrado em Curitiba, no Paraná. Conforme a instituição, foi importado, uma vez que a pessoa diagnosticada havia viajado para o Suriname, onde possivelmente contraiu a doença.
Os outros três foram autóctones em Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem.
Os casos foram inicialmente identificados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) de cada estado.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) reforça que, neste período epidemiológico, – iniciado em agosto de 2022, – não há registros autóctones de dengue sorotipo 3 no estado.
A última ocorrência da circulação do sorotipo 3 no Paraná foi em 2016. Naquele ano, o estado acumulou o registro de 33 casos detectados, conforme a Sesa.
Ressurgimento acende alerta
De acordo com o virologista Felipe Naveca, a circulação do sorotipo que se mostrava ausente é preocupante.
“É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explica.
Ainda segundo o pesquisador, as análises indicam que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, entre 2018 e 2020, provavelmente por meio do Caribe.
“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, afirma.
Para Naveca, o resultado deve servir como alerta para todo o continente.
Fonte: G1