Tucano diz que “se tornou quase impossível governar o Brasil” com atual modelo de gestão.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quarta-feira (16), em São Paulo, que é “escandaloso” o ex-presidente Lula se tornar ministro enquanto é investigado pela força-tarefa da operação Lava Jato.
— Acho escandaloso a pessoa ser ministro no momento em que pode virar réu.
O tucano elogiou a capacidade do ex-presidente Lula de se comunicar com a população, mas disse que é um “erro” a ida dele para a Casa Civil. FHC disse que até ele mesmo não daria certo no posto.
— A Casa Civil é o chefe da máquina. É quem vai cobrar os 30 ministros, porque o presidente não tem tempo para isso. [Com o Lula na Casa Civil], pode haver uma confusão entre política e administração. O Lula não vai fazer cobrança. Ele vai fazer política.
Na avaliação de FHC, Lula “não tem convicções firmes” e apresenta saídas para a crise que vão “atrasar” o Brasil.
— Se ele insistir em fazer o que está falando, que é baixar os juros e aumentar o crédito, vai atrasar.
Gangorra Brasil Durante evento patrocinado pela seguradora Tokio Marine sobre negócios de alto risco — e falando para uma plateia formada majoritariamente por corretores de seguros —, FHC afirmou em vários momentos que o Brasil está em um “vaivém”, em meio a “idas e vindas”, mas que em algum momento precisa tomar uma direção.
Ele disse que o modelo de governabilidade brasileiro, baseado nas alianças dentro do Congresso Nacional em troca de cargos na administração federal, está “se deteriorando”.
Segundo o ex-presidente, isso vale para qualquer presidente: “quem assumir amanhã vai encontrar um Congresso fragmentado”.
FHC citou o poder dos pequenos partidos brasileiros, que, segundo ele, ganharam protagonismo durante o esquema do “mensalão” no Congresso.
— Está todo mundo reunido em Brasília hoje, mas ninguém sabe para onde vai.
As 4 crises
Segundo o ex-presidente, o Brasil vive hoje quatro crises: econômica, política, moral e de liderança.
Para ele, os economistas brasileiros possuem uma agenda comum sobre o que fazer para a retomada da economia. Mas a classe política está “tateando”, em busca de uma solução.
O ex-presidente afirmou que faltam líderes que saibam se comunicar com a população em momentos como esse, de crise, e que não prometam muito, mas que mostrem o caminho a ser seguido.
— A linha sucessória [da presidente] está toda abalada, mas isso não deve atrasar o país. Vai chegar um momento em que vai ter que fazer um acordo. Mas não pode ser um cambalacho, e não precisa parar a Lava Jato. Tem que ser um acordo social.
O ex-presidente discursou por cerca de 45 minutos e, por meia hora, respondeu a perguntas escolhidas pela organização do evento. FHC não atendeu a imprensa, que não lhe pôde fazer perguntas diretamente.
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Fonte: R7