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EXCLUSIVO: Irmão do principal suspeito de assassinar brasileira detalha o que sabe sobre o crime e afirma: “Sou inocente”

André Lima afirma que polícia do Suriname já confirmou sua inocência. Ele teme pela sua integridade

Atualizado há

PARAMARIBO – O crime que chocou o Suriname na última semana ganhou um novo capítulo. A polícia indiciou o principal suspeito do assassinato brutal da brasileira Riselda Rita Moreira de Lucena. O acusado, natural de Santarém, no Pará, tem entre 25 e 30 anos e suas iniciais são L.C.L.S. O LPM News conversou, com exclusividade, nesta terça-feira, dia 24, com o irmão do réu, o empresário André de Lima, que teve seu nome inicialmente mencionado na investigação, após o crime possivelmente ter ocorrido em sua residência, em Paramaribo.

André das Passagens, como é conhecido na capital surinamesa, prestou vários depoimentos à polícia e entregou as imagens da única câmera de segurança que estava funcionando em sua residência, que mostram que ele não estava em casa no dia em que o crime teria acontecido. As autoridades de criminalística também realizaram perícia e interditaram o local e o carro utilizado, supostamente, para a desova do corpo da brasileira. Abaixo, você confere tudo o que o irmão do acusado relatou à reportagem. Confira.

LPM NEWS: Qual a linha do tempo dos acontecimentos?

André: Bem, meu irmão morava com minha mãe, na região de Antônio do Brinco. Ele pediu para ficar uns dias na minha casa em Paramaribo, pois os dois (ele e Riselda) estavam indo para o Brasil dentro de alguns dias, onde iriam construir uma nova vida na cidade da Riselda (que é Mirador, no Maranhão). Esses poucos dias acabaram se tornando mais de 15.

Eu sempre os via em casa, mas passava o dia trabalhando fora. Quando os encontrava, perguntava se já haviam jantado, cumprimentava-a…, mas o meu contato maior era com ele. Eu não via nada de errado na relação deles. Eu a achava meio calada. Por vezes, tentava puxar assunto, mas ela falava pouco. A vida deles parecia normal, sempre resolvendo questões de documentos, da viagem que iriam fazer…

Na segunda à noite (na semana em que o crime aconteceu), eles estavam na minha casa. Eu vi ela chegando com ele por volta das 21h30. Eu estava chegando da igreja nesse horário. Depois, eu já a vi por volta das 23 horas. Ela estava se preparando para dormir. Na terça-feira, eu fui dormir fora, na casa da minha irmã, pois minha esposa e minha filha estão no Brasil para um tratamento de saúde.

HISTÓRICO DO CASO 

Em determinado horário, ele (meu irmão) me ligou e disse que a mulher dele (Riselda) havia ido embora de casa. Eu achei meio estranho, já que eles tinham a viagem ao Brasil, mas pensei que fosse algo entre eles. Já na quarta-feira, eu estava trabalhando quando saí da loja e fui para minha casa. Aí, ele me disse que precisava ir à delegacia porque a mulher havia desaparecido e não dava notícias.

Segundo ele, a família dela havia entrado em contato informando que ela não dava notícias há alguns dias. Antes disso (de ir à delegacia registrar o Boletim de Ocorrência), ele pediu para ver as câmeras de segurança da minha casa. Quando ele pediu isso, eu perguntei por que queria ver. E ele disse que queria checar se algum táxi havia ido buscar Riselda durante a madrugada. Se tivesse, ele queria levar as imagens para a polícia.

LPM NEWS: E o que aconteceu depois disso?

André: Até então, eu ainda não tinha percebido a gravidade da situação. Eu então vi as câmeras. Observei que houve uma movimentação dele entre meia-noite e 4 da manhã. As câmeras detectam apenas o movimento e havia muito movimento dele andando em casa, no quintal. Ele ficou a madrugada andando… Saindo e andando dentro de casa, olhando o porta-malas do carro…

Antes de sair para a delegacia, eu me preocupei mais, porque ele mudou a versão e disse que não era mais um táxi que teria ido buscá-la. Teria sido um amigo que a buscou para ir ao aeroporto pequeno, pois ela não iria mais viajar para o Brasil e, sim, retornaria para o garimpo. Depois disso, eu fui para a delegacia com ele e mais duas pessoas: uma funcionária e uma vizinha dela, que fala holandês e ambas iriam ajudar na tradução do depoimento.

LPM NEWS: E ao chegar na delegacia?

André: Eu fiquei do lado de fora, aguardando no carro. As duas pessoas entraram inicialmente apenas para registrar um BO de desaparecimento. Aí, não demorou 20 minutos, a tradutora ficou com ele e minha funcionária me informou que eles estavam sendo transferidos para outra delegacia, pois o depoimento dele era inconsistente.

Ele havia apresentado informações desencontradas. Não sabia mais o nome da mulher, o endereço da minha casa… A polícia achou estranho. Me desloquei para a outra delegacia e, no caminho entre uma delegacia e outra, a tradutora ligou para informar que estava com medo, porque já haviam encontrado um corpo.

LPM NEWS: E quando você chegou na outra delegacia?

André: Ao chegar na delegacia, procurei saber o que estava acontecendo e perguntaram se eu queria depor. Eu prontamente prestei meu depoimento. No depoimento, contei tudo que relatei para vocês aqui. O delegado responsável pelo caso me disse então que tinham encontrado um corpo e me atualizou sobre o caso. Pediu para eu fazer o reconhecimento do corpo através de uma foto.

Na hora, eu estava muito nervoso… Perguntei se podia ver o corpo, mas não consegui reconhecer, porque o rosto estava muito machucado. Porém, reconheci a roupa que ela usava. Depois vi pelas redes sociais que eram as tatuagens dela e uma foto do passaporte. Em resumo, fiquei à disposição da polícia até às 22h, prestando todos os esclarecimentos possíveis.

LPM NEWS: Como você foi tratado na polícia?

André: Em nenhum momento a polícia me tratou mal. Eles pediram as câmeras. Olharam junto comigo. Foi quando constatei que realmente algo estava muito errado, pois vi com muito mais detalhes. Ele (o acusado) aparecia muito suado, muito nervoso… Ele levantava as câmeras (na tentativa de esconder algo). Foi feita perícia em casa. A polícia ligou para minha irmã e viu que eu estava com ela. Ou seja, perceberam que eu não tinha nada a ver com o caso. A polícia já foi à minha casa três vezes. Encontraram evidências de sangue lá. No carro que ele tinha alugado, evidências que o incriminaram. Mas eu sou inocente. Tanto que não estou impedido de sair do país. Não apreenderam meu passaporte. Estou livre de qualquer suspeita.

LPM NEWS: E ele confessou o crime? Como está a sua mãe nesse momento?

André: Até o momento, ele não confessou nada. Minha mãe está com muito medo, principalmente pela região onde mora. A comunidade brasileira tem falado muita coisa sem saber. Eu conversei com ela para avisar sobre tudo. Ela está em choque e não sabe como reagir a isso. Principalmente quando começam as conversas sobre o assunto. Ela não conseguiu nem chorar ainda.

LPM NEWS: E como tem sido seus dias desde que tudo aconteceu?

André: Minha esposa está muito preocupada. Pediu para eu voltar ao Brasil, pois teme por algo que possa acontecer. Adotei medidas protetivas no Suriname. Contratei seguranças. Hoje, vieram na agência me intimidar. Recebemos ameaças pelas redes sociais. Minha casa está interditada. Estou há uma semana com três pares de roupas. Não tem sido fácil.

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