Embaixada brasileira na capital Manágua confirma morte e diz que pediu explicações ao governo local; segundo relatos preliminares, carro de Raynéia Gabrielle Lima teria sido metralhado nas proximidades da Universidade Nacional Autônoma
Uma estudante universitária brasileira foi morta a tiros na noite de segunda-feira 23 em Manágua, capital da Nicarágua, segundo a Embaixada do Brasil no país caribenho.
A Nicarágua vive uma onda de protestos desde o dia 18 de abril, quando a população rejeitou uma proposta de reforma da previdência que depois foi abandonada pelo governo.
Ao Estado, o pai da estudante Raynéia Gabrielle Lima, Ridevando Pereira, contou que soube da morte de sua filha por meio de uma ligação da Embaixada brasileira em Manágua. Segundo ele, a família tem poucas informações e ainda não sabe sob quais circustâncias Raynéia morreu. “Estamos em contato com a embaixada para saber alguma coisa”, disse.
Raynéia, de 30 anos, era estudante de medicina na Universidade Americana de Manágua (UAM). Ela estava perto de se formar e já fazia residência, segundo o pai. A jovem morava sozinha na Nicarágua há cinco anos e suas aulas na universidade estavam suspensas.
As autoridades do País já notificaram o governo de Daniel Ortega sobre o caso e pediram explicações. A embaixadora nicaraguense em Brasília também deve ser convocada pelo governo, segundo uma diplomata brasileira em Manágua ouvida pela reportagem – até o momento as autoridades da Nicarágua não se pronunciaram.
Ainda não há prazo para que o corpo da estudante seja liberado pelas autoridades e possa ser trazido para o Brasil, já que isso depende dos trâmites legais do IML local.
Mais cedo, em relato publicado no Twitter, a Coordinadora Universitaria, uma agremiação de estudantes de oito universidades nicaraguenses, disse que Raynéia voltava para casa na noite de segunda quando seu veículo foi alvejado perto do Colégio Americano por paramilitares que ocupam a Universidade Nacional Autônoma na capital nicaraguense.
A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusam o presidente Daniel Ortega de causar graves violações dos direitos humanos, “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias”.
O governo nega as acusações. O país vive a crise sociopolítica mais sangrenta desde a década de 80, quando Ortega também era líder.
Fonte: G1