CARACAS – Recentemente, a Venezuela foi palco de uma movimentação militar significativa nas proximidades da Guiana, despertando preocupações e levantando questões sobre a estabilidade na região. Imagens de satélite obtidas pelo jornal “Wall Street Journal”, capturadas entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024 pela empresa Maxar, revelaram uma série de atividades militares venezuelanas em áreas estratégicas próximas à fronteira com a Guiana.
De acordo com as informações divulgadas pelo jornal americano, a Venezuela realizou o deslocamento de tropas, tanques e mísseis em regiões-chave, enquanto simultaneamente os chanceleres dos dois países se encontravam em Brasília, em uma tentativa de buscar conciliação mediada pelo governo brasileiro.
No centro das tensões está a disputa pelo território de Essequibo, uma área reivindicada pela Venezuela, que tem gerado atritos e desconfianças entre as duas nações. O encontro entre os ministros de Relações Exteriores da Guiana e da Venezuela, intermediado pelo Brasil, ocorrido em 25 de janeiro no Palácio do Itamaraty, visava iniciar um processo de diálogo para restabelecer a confiança mútua.
Durante a reunião, o chanceler venezuelano Yván Gil Pinto se comprometeu a buscar soluções diplomáticas para resolver o conflito territorial. Por sua vez, o ministro da Guiana presente, Hugh Todd, expressou a disposição de seu país em cooperar para alcançar uma resolução pacífica.
No entanto, as imagens de satélite revelam movimentações militares venezuelanas em pelo menos três pontos estratégicos:
- Ilha de Anacoco: O “Wall Street Journal” relata que a Venezuela enviou veículos blindados, incluindo pequenos tanques, para a Ilha de Anacoco, localizada no rio Cuyuni, a uma curta distância da fronteira com a Guiana. Além disso, as imagens mostram atividades de construção na ilha, sugerindo uma possível expansão de uma base militar já existente no local.
- Porto de Guiria: Entre 18 e 22 de janeiro, foram observados o transporte de três barcos de patrulha equipados com mísseis Peykaap III, de origem iraniana. Adicionalmente, foram instalados dois sistemas antiaéreos Buk M2E, de fabricação russa, reforçando a presença militar venezuelana na região.
- Ponta Barima: Um pequeno posto da guarda costeira está passando por transformações para se tornar uma base naval e aérea, indicando uma expansão das capacidades militares venezuelanas ao longo da costa.