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Equipe de especialistas vai a Síria investigar suposto ataque químico

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Uma equipe de investigadores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) iniciou uma investigação neste domingo (15), na cidade de Duma, perto de Damasco, sobre o suposto ataque químico que desencadeou os bombardeios ocidentais contra o governo de Bashar al-Assad. 

O presidente russo, Vladimir Putin, o principal aliado do governo sírio, avisou que novos ataques das potências ocidentais lideradas pelos EUA contra a Síria provocariam o “caos” nas relações internacionais. A possibilidade de uma nova Guerra Mundial passou a preocupar o planeta, principalmente após os meios de comunicação russos alertarem a população daquele país para se prepararem para a guerra.

Enquanto isso, Washington informou que anunciará nesta segunda-feira (16) novas sanções contra a Rússia. O motivo é a relação russa com o suposto uso de armas químicas por parte das tropas de Assad.

Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram mísseis em um ataque coordenado neste sábado contra lugares suspeitos de armazenar ou preparar armas químicas. Ironicamente, algumas horas depois dos ataques, os três países emitiram notas falando sobre a importância de manter o caminho diplomático.

Donald Trump defendeu neste domingo a ofensiva militar que celebrou com a polêmica frase de “Missão cumprida”, mesmo sem especificar qual era. “A incursão síria foi executada tão perfeitamente, com tanta precisão, que a única forma em que os ‘meios de comunicação falsos’ puderam criticá-la foi pelo uso do termo ‘Missão cumprida'”, indicou Trump no Twitter. No entanto, tanto Damasco como a oposição síria subestimaram o impacto dos bombardeios.

Uma equipe de especialistas internacionais, com sede em Haia, chegou em Damasco horas depois desses bombardeios com o objetivo de indagar sobre o ataque de 7 de abril em Duma, ao leste da capital.

As potências ocidentais sustentam que houve um ataque em que se empregaram cloro e gás sarin e matou dezenas de pessoas. O vice-ministro de Assuntos Exteriores, Faisal Mokdad, entrou no hotel Four Seasons, onde se encontram a equipe de especialistas e deixou o local três horas depois.

A equipe de especialistas geralmente começa sua investigação reunindo-se com altos funcionários, mas todas as conversacis sobre o assunto acontecem a portas fechadas. “Deixaremos que equipe faça seu trabalho de forma profissional, objetiva, imparcial, e longe de qualquer pressão”, disse à AFP o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Ayman Susan.

A própria OPAQ havia declarado que as reservas de armas químicas do governo sírio haviam sido retiradas em 2014, embora depois tenham confirmado que no ataque de 2017 em Jan Sheijun se utilizou gás sarin.

Investigação complicado

O trabalho será complicado para os investigadores que chegam no local mais de uma semana depois dos fatos, em uma área que desde então esteve sob o controle das tropas sírias e da polícia militar russa. A equipe da OPAQ terá que lidar com o risco de que as provas tenham sido eliminadas do local.

“Sempre há de se considerar essa possibilidade, e os investigadores buscarão provas que mostrem se o local do incidente foi alterado”, apontou Ralf Trapp, consultor e membro de uma missão anterior da OPAQ à Síria.

Os últimos combatentes rebeldes de Duma, juntamente com os civis, foram evacuados no sábado para áreas do norte da Síria, como parte de um acordo de rendição assinado com o regime em 9 de abril, dois dias após o suposto ataque químico.

Sujeita a um cerco sufocante durante cinco anos e submetida a violentos bombardeios do regime desde 18 de fevereiro, a cidade está devastada.

Em 2014, a OPAQ indicou que a Síria havia se desfeito de seu arsenal de armas químicas, mas uma missão conjunta com a ONU concluiu que Damasco tinha usado gás sarin em 2017 contra o vilarejo de Khan Sheikhun (noroeste), uma zona rebelde.

Os presidentes americano, Donald Trump, e francês, Emmanuel Macron, afirmam ter “provas” do uso de armas químicas para justificar as incursões contra três locais ligados ao programa de armas químicas do regime – no norte de Damasco e na província central de Homs – sem fazer vítimas.

Uma autoridade do governo americano indicou no sábado, que os Estados Unidos tinha informações “mais claras” sobre o uso de cloro em Duma, mas também “informações significativas que indicam uso de sarin”, um poderoso gás neurotóxico.

“Pressão” diplomática sobre Assad

Esses ataques despertaram a indignação da Rússia e do Irã, aliados de Damasco. Os russos condenaram “um ato de agressão contra um Estado soberano”, mas não conseguiram obter uma condenação do Conselho de Segurança da ONU.

Não se espera novos bombardeios, mas o Pentágono garantiu que os Estados Unidos estariam prontos para uma nova ação em caso de novo ataque químico. Após este episódio, França, Estados Unidos e Reino Unido pretendem relançar as negociações diplomáticas.

Paris, através de seu ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, pediu à Rússia que “pressione” Bashar al-Assad. “Devemos agora esperar que a Rússia entenda que, depois da resposta militar (…), devemos unir nossos esforços para promover um processo político na Síria que permita uma saída para a crise”, disse ele em uma entrevista no Le Journal du Dimanche.

“Hoje, o que bloqueia esse processo é o próprio Bashar al-Assad e a Rússia deve pressioná-lo”, acrescentou. Americanos, franceses e britânicos apresentaram à ONU um novo projeto de resolução sobre a Síria que deve ser discutido na segunda-feira, segundo diplomatas.

O texto aborda várias questões – armas químicas, ajuda humanitária e política – incluindo a criação de um novo mecanismo para investigar o uso de armas químicas.

Por sua vez, a Liga Árabe realiza a sua cúpula anual na Arábia Saudita, país que deu seu “total apoio” aos ataques ocidentais. A Síria foi suspensa da Liga em 2011 por causa das responsabilidades de seu presidente na guerra.

Fonte: AFP

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