PARAMARIBO – A Venezuela anunciou a convocação de um referendo para 3 de dezembro, visando obter o apoio dos venezuelanos para a criação de uma nova província denominada “Guayana Esequiba”. Esta região, abrangendo 160 mil km² e repleta de recursos naturais, é objeto de uma longa e acirrada disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana.
A contenda remonta a 1966, mas ganhou intensidade em 2015, quando a ExxonMobil, empresa americana, descobriu vastos campos de petróleo na área disputada. A Guiana fundamenta sua reivindicação com base em um laudo de 1899, estabelecendo as fronteiras atuais, enquanto a Venezuela argumenta que um acordo firmado em 1966 com o Reino Unido anulou o laudo arbitral e estabeleceu bases para uma solução negociada.
A Guiana propõe resolver a disputa na Corte Internacional de Justiça, enquanto a Venezuela busca negociações diretas. A tensão se intensifica consideravelmente, uma vez que a região em disputa possui ricos depósitos de petróleo, tornando-a um ponto crítico nas relações geopolíticas da América do Sul.
Além das questões territoriais, o tema ganha contornos políticos internos na Venezuela, especialmente à luz das próximas eleições presidenciais em 2024. A oposição, em uma votação prévia, escolheu María Corina Machado como sua candidata, apesar de desafios legais levantados pela Justiça venezuelana.
Na quarta-feira (22), Machado solicitou a suspensão do referendo sobre Essequibo, caracterizando-o como uma distração em meio ao cenário político, econômico e social tumultuado da Venezuela. Ela argumenta que a medida não contribui para a defesa do território venezuelano e pode prejudicar a posição do país na Corte Internacional de Justiça.
“É um erro que não apenas não traz nada para a defesa de nosso território, mas que também pode nos prejudicar em nossa defesa na Corte Internacional de Justiça”, afirmou Machado. Mesmo defendendo a soberania venezuelana sobre Essequibo, ela enfatiza a importância de uma defesa sólida e incontestável dos direitos do país sobre a região disputada. Machado, que visitou a área em 2013 como deputada, relembrou sua posição ao segurar um cartaz que declarava: “O Essequibo é nosso”. O desfecho dessa controvérsia territorial agora se torna crucial não apenas para a Venezuela e a Guiana, mas também para a estabilidade geopolítica na América do Sul.