GEORGETOWN – Desde a chegada da petroleira ExxonMobil em Georgetown, capital da Guiana, em 2019, a esperança e a expectativa de um futuro promissor se instalaram entre os habitantes, incluindo Christine Rudder, uma jovem de 23 anos que reside nas proximidades do prédio da empresa. Entretanto, o otimismo inicial cedeu lugar ao pessimismo ao longo dos últimos cinco anos. Christine, como muitos guianenses, não viu os frutos do boom petrolífero chegarem até ela. Enquanto isso, a economia do país experimentou um crescimento exponencial, tornando-se uma das que mais crescem no mundo, impulsionada pela exploração de petróleo em suas águas costeiras.
Entre 2019 e 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da Guiana registrou um salto notável, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Contudo, esse crescimento espetacular não tem sido igualmente distribuído pela população. Ao contrário, a desigualdade tem se aprofundado, como testemunhado por pessoas como Christine e Adrian Smith, que não conseguiram se beneficiar do novo cenário econômico.
Um dos principais desafios enfrentados pela Guiana é a inflação, decorrente da injeção maciça de dinheiro novo na economia. Embora os dados oficiais sugiram que a inflação está sob controle, os residentes locais afirmam que os preços dos alimentos e aluguéis têm aumentado consideravelmente, tornando a vida mais difícil para os mais pobres.
Além disso, o desemprego persiste, especialmente entre os jovens. A falta de mão de obra qualificada na indústria de petróleo e gás tem levado à ocupação de empregos bem remunerados por estrangeiros, enquanto os guianenses locais lutam para conseguir empregos dignos.
Apesar dos esforços do governo e das petroleiras para investir em capacitação de mão de obra local, muitos guianenses continuam excluídos dos benefícios do boom do petróleo. A falta de dados precisos sobre a pobreza no país torna ainda mais desafiador avaliar o impacto real do crescimento econômico.
Embora haja algum otimismo em relação ao futuro da Guiana, especialmente com os investimentos em infraestrutura e programas sociais financiados pelas receitas do petróleo, para pessoas como Christine, a realidade permanece dura. A migração em busca de oportunidades melhores é uma perspectiva triste, mas cada vez mais real para os jovens guianenses que se sentem excluídos do progresso econômico do seu próprio país.
O desafio para a Guiana reside em garantir que o crescimento econômico seja inclusivo e beneficie toda a sua população, não apenas uma elite privilegiada. Enquanto isso, histórias como a de Christine e Adrian servem como lembretes contundentes dos desafios enfrentados por muitos na busca por uma vida melhor em meio ao boom do petróleo.