GEORGETOWN – Na última terça-feira (9), o tuxaua da comunidade indígena guianense de Santa Maria, Heraldo Tomaz Delvídio, chocou a opinião pública ao denunciar um incidente grave envolvendo indígenas brasileiros. De acordo com Delvídio, indígenas ligados ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) incendiaram uma balsa de garimpo guianense legalizada. O incidente ocorreu no rio Maú, que marca a fronteira entre Brasil e Guiana.
A balsa, que estava devidamente autorizada para operar em território guianense, foi puxada para o lado brasileiro, mais especificamente no Município de Uiramutã, onde foi posteriormente incendiada. Heraldo Delvídio destacou que o local de onde a balsa foi retirada assinala o início da região de Essequibo, uma área reivindicada pelo ditador venezuelano Nicolás Maduro.
O tuxaua guianense não hesitou em tornar pública a denúncia, ressaltando que a ação dos indígenas brasileiros foi uma violação séria e inaceitável. Segundo Heraldo, a balsa estava em águas guianenses quando foi retirada ilegalmente para o lado brasileiro, onde foi alvo do ato criminoso.
A cidade de Uiramutã foi palco desse incidente no mesmo dia em que tuxauas, líderes de comunidades indígenas da Raposa Serra do Sol e representantes de órgãos governamentais participavam da 43ª Assembleia Geral dos Tuxauas da Região da Serra, na comunidade do Mutum, em Uiramutã.
A dona da balsa, Rosângela Tomaz Delvídio, gravou um vídeo indignada com a situação, classificando o ato dos indígenas brasileiros como absurdo. Em suas palavras, os envolvidos nadaram até o lado guianense do rio Maú, sem permissão, levaram a balsa para o Brasil e a incendiaram. Ela destacou a falta de consideração ao não questionarem a propriedade ou a permissão para a balsa estar naquele local.
Heraldo Delvídio também se pronunciou através de um vídeo, criticando veementemente a destruição da balsa. Ele mostrou a permissão legal de garimpagem na Guiana e alertou que queimar a bandeira de seu país na balsa é um crime. O tuxaua guianense declarou sua intenção de encaminhar as denúncias, buscando responsabilizar os envolvidos pelo ato que considera prejudicial não apenas à comunidade de Santa Maria, mas também às relações entre os povos indígenas na região.