Alvos da operação da Polícia Federal (PF) que investiga contrabando de ouro ilegal da Amazônia, três empresários que fraudavam documentos para dar aparência de legalidade a ouro extraído ilegalmente tiveram mandados de prisão autorizados na quarta-feira (15). Dois deles foram presos no Pará e uma terceira suspeita está foragida. O total do ouro exportado neste esquema criminoso passa dos R$ 4 bilhões.
Foram presos Lillian Rodrigues Pena Fernandes e o marido, Diego de Mello, sócios na empresa Pena e Mello Comércio e Exportação, que também foi alvo de busca e apreensão pela operação. Já Marina Alonso, sócia administradora da empresa Amazônia Comércio Importação e Exportação, está sendo procurada.
A operação da PF teve como alvo 44 pessoas (entre jurídicas e físicas) e o esquema, de nível internacional, ocorria no Pará em um garimpo ilegal localizado supostamente na cidade de Itaituba, na região sudoeste do estado.
O esquema criminoso bilionário funcionava com a atuação das duas empresas, que faziam a compra do ouro ilegal. Elas produziam documentos falsos para dar aparência de legalidade às transações, para a exportação do minério, principalmente aos Estados Unidos.
As empresas Pena e Mello e Amazônia Comércio eram responsáveis pela exportação do ouro à empresa Ororeal LLC, uma importadora offshore estrangeira.
De acordo com as investigações, Pena e Mello e Amazônia Comércio compravam ouro de diversas empresas de menor porte, e “maquiavam” a documentação da primeira compra do ouro e seus reais vendedores. Entre as empresas que forneciam ouro, uma das principais é a Confiança Comércio, pertencente a Diego de Mello e seu irmão.
No período de 31 de janeiro de 2020 a 25 de março de 2021, Pena e Mello exportou o total de 2.373 kg de ouro, em um total de mais de R$ 693 milhões. Já a Amazônia Comércio lucrou mais de R$ 2 bilhões na exportação de 9.635 kg de ouro, no período de 4 de outubro de 2016 ao final de março de 2021.
O esquema facilitaria o envio do ouro para quatro países: Itália, Suíça, China e Emirados Árabes. Segundo a investigação, entre 2020 e 2022, a fraude na emissão de notas fiscais para dar ar de legalidade chegou a R$ 4 bilhões, o equivalente a 13 toneladas de ouro.
O forte esquema do grupo embasou os pedidos de decretação de busca e apreensão e bloqueio de bens e valores. Ao todo, foram 27 mandados cumpridos no Distrito Federal e em sete estados: Pará, Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas, São Paulo, Mato Grosso e Roraima.